Festival MOCHILA regressa para envolver os jovens na cultura

O Festival MOCHILA vai decorrer em diversos equipamentos socioculturais da cidade - Teatro Lethes, Teatro das Figuras, Museu Municipal, IPDJ, Espaço Quintalão, entre outros

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O MOCHILA é um festival de teatro destinado a crianças e jovens (e não só) que, entre os dias 3 e 12 de novembro, volta a invadir a cidade de Faro. Principal missão: Criar públicos, sedimentar hábitos culturais, envolver os jovens nas experiências e vivências culturais, estimular o espírito crítico, lançar companhias emergentes e passar mensagens “simples e diretas” através das artes performativas. O JA esteve à conversa com João de Brito – algarvio, aclamado ator, diretor artístico do LAMA Teatro e encenador do festival, que nos contou tudo sobre a segunda edição do evento.

O festival, que conta com cerca de 200 pessoas envolvidas, pretende oferecer “uma programação eclética de qualidade nas áreas do teatro, novo-circo e música, através da apresentação de espetáculos de companhias e artistas de referência”, como o Teatro Praga, companhia Radar 360.º, Companhia de Actores, Mão Verde, Fernando Mota, Catarina Requeijo, LAMA Teatro e O Último Momento de João Paulo Santos. 

Numa fase da História em que as vivências dos mais novos são experienciadas através de canais digitais que os fazem reféns dos ecrãs, João de Brito explica ao JA que a missão do festival passa exatamente “pela criação de novos públicos” e por “incutir aos mais jovens a ideia de que, sem cultura não há futuro”. 

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Nos dias de hoje, a questão que se coloca (e que muitos pais a fazem) é a seguinte: Como convencer crianças e adolescentes a ir ao teatro? Na visão do artista, “é através da tecnologia e dos gadgets que os convencemos”, até porque, cada vez mais, “a criação artística e teatral usa todo o tipo de ferramentas. Não é só pegar num texto e interpretá-lo…”, garante. 

João de Brito, encenador do MOCHILA (Créditos: Joana Pinheiro Rodrigues)

Neste festival, “há muitos espetáculos que brincam com a tecnologia”, o que acaba por ser “uma forma de desafiar e estimular o nosso público-alvo”, nas palavras do encenador, que destaca ainda “a importância de abordar temas que interesse às crianças e jovens”.

Este ano, a programação do MOCHILA tem como eixo orientador temáticas “urgentes da atualidade”, tais como a sustentabilidade climática, envelhecimento, solidão, produção e consumo consciente, educação, redução de desigualdades, direito à habitação e a passagem do tempo.

“Durante muito tempo, tratou-se os espetáculos para os mais novos com alguma condescendência. Mas a realidade é que os espetáculos para crianças e jovens devem ser criados com a mesma seriedade que se tratam as peças para adultos e com temas tão ou mais importantes”, defende. João de Brito justifica esta ideia a partir do pressuposto das idades: “Temos de ter em conta que estamos a trabalhar para um público que está a formar a sua personalidade e que nestas idades são autênticas esponjas. Interessa-nos falar sobre temáticas que já são urgentes no presente, mas que continuarão urgentes depois de amanhã, quando deixarem de ser crianças. Crianças e jovens que se habituem a ir ao teatro vão continuar a fazê-lo em idade adulta”, sustenta.

A organização do festival, a cargo do LAMA Teatro, assume, igualmente, o compromisso de apostar na programação de companhias emergentes, como a Universo Paralelo e, também, de artistas e estruturas com trabalho sedimentado na região, como é o caso de Rita Rodrigues ou de Thorsten Grütjen. “Temos connosco artistas que estão sediados no Algarve, estruturas mais emergentes de várias partes do País, mas também artistas mais conceituados – nacionais e internacionais – que tornam este festival mais rico e que nos permite ter espetáculos para bebés e para pessoas até aos 120 anos, como costumamos dizer”, brinca. 

Por ser um festival “diferenciador e informal numa espécie de seriedade brincada”, com “mensagens simples e diretas” pensado para “todas as idades”, espalhado por diversos equipamentos culturais e espaços públicos da cidade, no qual a “proximidade” com o público é um dos elementos chave, “torna-se quase obrigatório assistirem a pelo menos um dos espetáculos”, desafia o encenador. 

Em paralelo à oferta de espetáculos, destinados maioritariamente ao público infantojuvenil e familiar, o MOCHILA pretende ser também “uma plataforma de mediação cultural que promove o envolvimento de toda a comunidade farense”, segundo a organização. 

Neste contexto, assumem particular relevância um conjunto de atividades paralelas que compõem o festival, como é o caso da conversa/debate “Que bagagem levamos às costas para encarar o futuro?”, que vai reunir um painel de oradores provenientes dos mais variados espectros; o “Gang das Mochilas”, um exercício performático, coordenado pelo LAMA Teatro, que envolve cerca de 50 alunos do curso de Artes do Espectáculo da Escola Secundária Tomás Cabreira e que resulta num conjunto de intervenções artísticas, que decorrem em diferentes espaços públicos da cidade de Faro; a oficina conduzida pelo músico Noiserv, que proporciona uma experiência sensorial musical com base no toque e a oficina “Lugar Específico”, que permite a crianças com idades compreendidas entre os sete e os 12 anos descobrir “o que é fazer crítica de arte através do contacto com os mais diversos objetos culturais e artísticos”.

A segunda edição do MOCHILA fica também marcada pela estreia de dois espetáculos da companhia organizadora da iniciativa, o LAMA Teatro: “O Valor das Pequenas Coisas”, no Teatro Lethes, que marca o arranque do festival, e “Puzzle”, um projeto comunitário enquadrado no Laboratório Pedagógico ESTOJO, desenvolvido em parceria com o Teatro das Figuras e que terá a sua estreia na Biblioteca Municipal de Faro. 

Para assinalar o centenário da obra-prima “O Garoto”, de Charlie Chaplin, que estreou a 21 de janeiro de 1921, no Carnegie Hall, em Nova Iorque, foi ainda estabelecida uma parceria com o Cineclube de Faro, para a exibição daquela longa-metragem. 

O espetáculo ‘Mão Verde’, agendado para o dia 11 de novembro no Teatro das Figuras, é eleito pelo encenador como “um dos espetáculos a não perder e um dos pontos altos do festival”. Trata-se de um espetáculo que conta com nomes como Capicua, Pedro Geraldes e António Serginho, que convidam “verdes e maduros a dançar como se ninguém estivesse a ver, enquanto aprendem mais sobre as ervas, as borboletas, a fruta da época e tudo o que tem a ver com a natureza”. 

Mão Verde

Já a pensar na edição de 2023, João de Brito avança ao JA uma das ambições do festival – a internacionalização. “Queremos e já temos em vista parcerias com companhias de teatro de outros países”. Espanha, França e alguns países da América do Sul são algumas das culturas e realidades às quais o festival quer “ir beber” com o objetivo de “reforçar o leque de temáticas abordadas, enriquecer o festival e elevar o patamar”, enumera. 

Os espetáculos terão lugar em diversos equipamentos socioculturais da cidade, entre os quais o Teatro Lethes, Polidesportivo o Clube União Culatrense, Espaço Quintalão, Centro de artes Performativas do Algarve (DeVIR CAPa), Instituto Português do Desporto e Juventude, Jardim da Alameda João de Deus, Biblioteca Municipal de Faro, Museu Municipal, Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (APPC), LAMA Black Box, Teatro das Figuras, Largo da Pontinha e em algumas escolas do município com a iniciativa “O teatro vai à escola”. 

A maioria dos espetáculos são de entrada livre, contudo, os bilhetes para alguns espetáculos podem ser adquiridos em BOL – Bilheteira Online ou no próprio dia do espetáculo, nos respetivos equipamentos culturais. 

O programa completo do festival pode ser consultado aqui.

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