FMI: gregos têm de mexer nas pensões, europeus têm de mexer na dívida

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A Grécia tem uma dívida de 21,5 mil milhões de euros (incluindo o pagamento de 1,5 a 1,6 mil milhões de euros no final de junho) ao Fundo Monetário Internacional

O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem dois recados sobre o andamento das negociações com a Grécia: o governo de Atenas tem de se convencer que é necessária uma redução das despesas com as pensões em 1% do PIB – e que isso “pode ser feito protegendo os pensionistas mais pobres” – e os credores oficiais europeus (Comissão Europeia e Banco Central Europeu) têm de rapidamente por em marcha um plano de financiamento adicional que inclui um alívio da dívida helénica aos credores europeus.

Os recados são dados por Olivier Blanchard, o ainda economista-chefe do FMI, num artigo publicado este domingo no blogue IMF Direct do Fundo, sugestivamente intitulado “Grécia: um acordo credível exigirá decisões difíceis de todas as partes”.

Blanchard fala da “oferta” feita aos gregos sobre as metas para o saldo primário orçamental em que os credores oficiais recuaram agora significativamente em relação às exigências do memorando da troika: “Propôs-se baixar a meta do saldo primário orçamental de médio prazo de 4,5% do PIB para 3,5% e dar à Grécia mais dois anos para atingir essa meta, de modo que a meta para este ano [2015] foi reduzida para 1%, e avançou-se com um conjunto de reformas mais limitado”.

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Em troca, diz aos gregos que têm de ceder nomeadamente em matéria de pensões.

Blanchard refere a importância de alterar profundamente o IVA – ampliando a sua base de incidência – mas centra-se na questão das pensões. “Porque razão insistir nas pensões?”, interroga-se, para logo responder: “Pensões e salários [da função pública] representam 75% da despesa primária; os outros 25% já foram cortados até ao osso. Os gastos com pensões representam mais de 16% do PIB e as transferências do orçamento para o sistema de pensões é de perto de 10% do PIB”.

Reescalonamento da dívida e juros mais baixos

O economista-chefe fala, depois, de uma contrapartida substancial que tem de ser dada pelos credores oficiais e que, ainda, não foi aceite pelos europeus: “os credores europeus teriam de concordar com um financiamento adicional significativo e com um alívio da dívida suficiente para manter a sua sustentabilidade”. E argumenta: “Acreditamos que, no quadro da proposta existente, um alívio de divida pode ser alcançado através de um reescalonamento longo dos pagamentos da dívida e com juros baixos”. Deixa, finalmente, um aviso: “Qualquer descida posterior da meta do saldo primário, agora ou mais tarde, provavelmente exigirá cortes de cabelo (haircuts) [na dívida]”.

Ou seja, é preferível agir já enquanto é viável um reescalonamento das dívidas aos credores europeus (obrigações gregas em carteira no BCE e bancos centrais do Eurosistema que somam 27 mil milhões de euros e empréstimos do Fundo Europeu de Estabilização Financeira e bilaterais que atingem uma soma considerável de quase 200 mil milhões de euros), recorrendo a soluções financeiras nesse quadro, do que arrastar a situação até ser inevitável uma reestruturação profunda com eliminação de parte do valor da dívida.

Blanchard não fala da dívida ao FMI, pois a organização não aceita qualquer tipo de mexida. A Grécia tem uma dívida de 21,5 mil milhões de euros (incluindo o pagamento de 1,5 a 1,6 mil milhões de euros no final de junho) ao Fundo.

RE

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