Fotojornalista francesa encontrada morta na República Centro-Africana

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A morte de Camille Lepage motivou mensagens de pesar nas redes sociais

“Interesso-me por lugares sombrios, por zonas em crise onde habitualmente os media se submetem ao silêncio.” A fotojornalista Camille Lepage, 26 anos, descrevia assim o seu trabalho que a levou a arriscar demasiado. Pagou caro, com a própria vida.

Na terça-feira, a notícia da morte de fotojornalista francesa na República Centro-Africana (RCA) espalhou-se rapidamente entre o pequeno grupo de fotojornalistas e correspondentes em África. Segundo a “Reuters”, o corpo da jovem foi encontrado no interior de um veículo conduzido por milícias cristãs anti-Balaka, nas proximidades da cidade ocidental de Bouar.

Desconhece-se se a fotojornalista foi um alvo ou uma vítima do fogo cruzado entre as milícias cristãs anti-Balaka e a coligação muçulmana Seleka. A presidência francesa declarou, entretanto, que “serão usados todos os meios necessários para esclarecer as circunstâncias deste crime e encontrar os assassinos”.

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A morte de Camille motivou mensagens de pesar nas redes sociais. No Twitter foram partilhados muitos dos seus trabalhos com populações africanas que vivem à margem da dignidade, em condições desumanas, nas regiões mais remotas e com conflitos ativos. Era nestes terrenos movediços que se mexia como peixe na água.

Uma região perigosa

O repórter do “The New York Times” Nicholas Kulish cruzou-se com Lepage na RCA e recorda uma mulher destemida, “otimista, generosa, trabalhadora e incansável”. Numa candidatura a um portefólio patrocinado pelo blogue Lens do “The New York Times”, a fotógrafa escreveu que acompanhou a situação naquele país africano durante três meses e resolveu regressar por mais três “para continuar a documentar a história de um país que se afunda cada vez mais, todos os dias, num círculo de violência que parece interminável”.

Camille Lepage, a viver no Sudão do Sul desde julho de 2012 “para explorar o mais novo país do planeta” – lê-se na sua página oficial na Internet (http://camille-lepage.photoshelter.com/#!/about) – chegou, no outono passado, à RCA com a intenção de fotografar as populações em regiões pouco exploradas pelos jornalistas ocidentais.

Há uma semana, informou naquele que seria o seu último tweet que viajava de mota com as milícias anti-Balaka, numa região a 120 quilómetros de Berbérati, a terceira maior cidade da República Centro-Africana, perto da fronteira com os Camarões. Uma região onde pelo menos 150 pessoas foram mortas pela coligação muçulmana Seleka, desde março.

RE

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