Fundos comunitários e investimento estrangeiro melhoram a construção

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Ainda que a variação homóloga da produção na construção continue a ser negativa (-11,3% em abril, face ao ano anterior), a queda abrandou em relação ao que vinha a acontecer, segundo se vê nos dados publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Mais ainda, entre março e abril deste ano registou-se um aumento na produção (0,9%), a primeira do último ano.

Essa quebra homóloga significa que o setor está a “cair menos”, como aponta Ricardo Gomes, presidente da Associação de Empresas de Construção, Obras Públicas e Serviços (AECOPS). “Lemos os sinais como confirmação das expectativas que tínhamos: 2014 será um ano para estancar a quebra e 2015 será de recuperação”.

Segundo os dados do INE, a variação homóloga menos negativa na produção foi comum a dois segmentos: o da engenharia civil e o da construção de edifícios. E é aí que residem duas explicações para a melhoria.

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Em primeiro lugar, explica Ricardo Gomes, está a necessidade de se cumprir até agosto de 2015 a execução do que resta dos fundos comunitários, algo que se reflete num empurrão à engenharia civil. A conclusão dos projetos de rega do Alqueva e os trabalhos em sistemas de abastecimento de água e tratamento de esgotos são exemplos. Para o semestre seguinte, espera-se que estejam envolvidos projetos não só do Alqueva, mas também do túnel do Marão, aponta o presidente da AECOPS.

Em segundo lugar, a melhoria do segmento da construção de edifícios, com um aumento de produção de 0,7% entre março e abril deste ano, está ser induzida por duas razões. Uma é a venda de imobiliário, devido ao regime fiscal para residentes não habituais, explica Ricardo Gomes ao Expresso, referindo estarem a ser reativados “projetos ligados a resorts turísticos que tinham sido congelados”. Por trás estão cidadãos estrangeiros, reformados, com possibilidade de investimento e que procuram uma segunda casa.

A outra causa é “uma situação visível sobretudo em Lisboa e Porto, nas zonas mais nobres das cidades, onde tem havido algum regresso de investimento, graças aos vistos dourados”. Mais do que comprar uma habitação para conseguir um visto, aponta Ricardo Gomes, são feitos investimentos em áreas hoteleiras.

Remunerações e emprego

Nos dados relativos ao setor da construção, identificam-se ainda quebras menos acentuadas no índice de emprego e nas remunerações. Quanto ao emprego, Ricardo Gomes sublinha o facto de o setor ter sido um dos que mais perderam postos de trabalho. “Em sete anos, perdemos cerca de 300 mil postos”, aponta, referindo que a maior parte dos trabalhadores emigrou, o que ajuda a atenuar o impacto do desemprego.

Por isso, as ligeiras melhorias sentidas atualmente na construção e o facto de “o grosso dos trabalhadores ter emigrado” podem refletir-se numa maior absorção dos trabalhadores, explicando a subida no índice de emprego.

Sobre as remunerações, o presidente da Associação refere poder ser uma alteração pontual e não tendencial, eventualmente até induzida pela sazonalidade. Os dados do INE mostram no entanto que as variações homólogas têm sido sempre negativas, ainda que com quebras cada vez menores. Vê-se ainda que desde fevereiro deste ano tem havido mensalmente ligeiros aumentos no índice de remunerações, rondando os 1,1% e os 1,5%.

RE

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