Grupo Folclórico de Faro celebrou 80 anos “com pezinho de dança”

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Oito décadas dedicadas ao ritmo, dança, sons e etnografia do Algarve.

Passados 80 anos desde que Serafim Carmona e Francisco Mascaranhas quiseram formar um grupo de danças populares do Algarve, o Grupo Folclórico de Faro conta com uma história tão longa quanto interessante. Atuações em vários países do mundo e de Norte a Sul de Portugal, a promoção pelo gosto e respeito pelo folclore algarvio nas camadas mais jovens, adultas e ainda do estudo na área da etnografia e do cancioneiro fazem do GFF um grupo com mérito e identidade própria

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JA/Sofia Cavaco Silva

O Grupo Folclórico de Faro (GFF) completou 80 anos no passado dia 10. Uma data que não foi esquecida ou não fosse sinónimo de um projeto que tem conhecido e envolvido muitas gerações farenses. Ao mesmo tempo,  o grupo tem ganho o estatuto de “embaixador” de Faro no mundo.

Em entrevista ao JA, Manuel Franco, dirigente do GFF, considera que estes 80 anos de atividade são motivo de orgulho também porque o grupo conseguiu servir de “rastilho” para a criação de outros grupos do género na região. Por outro lado, além do rancho infantil, do grupo de adultos e do grupo do cancioneiro, o GFF dirigiu-se para as escolas para mostrar às camadas farenses mais jovens o que é o folclore. Desde que o GFF começou esta atividade extra-curricular à cerca de 17 anos junto das escolas do ensino básico Manuel Franco diz ter visto nascer um novo respeito e interesse pelo folclore em diversas faixas etárias.

Na passada quinta-feira, o grupo voltou a subir ao palco na Doca de Faro para um espetáculo comemorativo do aniversário do GFF. Ao palco subiram os membros ativos do grupo e ainda outros elementos que deram “corpo e alma” pelo grupo nas décadas de 50 e 60. Um encontro de gerações emocionante como Manuel Franco deixou perceber. Atualmente, o grupo conta com cerca de 130 elementos distribuídos pelo grupo infantil, o grupo de adultos e o cancioneiro.

Considerando que o projeto do Grupo Folclórico de Faro terá uma vida longa pela frente, Manuel Franco, admite que existem dificuldades que importam ultrapassar. Depois de muitos anos a reclamar um espaço para a instalação da sede do grupo, a Câmara Municipal de Faro encontrou uma casa antiga e cedeu-a. A questão do espaço está resolvida, mas agora o grupo prepara-se para reconstruir o espaço e adapta-lo às necessidades de trabalho do grupo. Contudo, Manuel Franco acredita que este novo projeto irá conhecer dificuldades inerentes ao período de crise que afeta o País.

Além dos apoios e patrocínios que possam surgir para a construção da sede, o grupo conta com os fundos angariados com os espetáculos que costuma realizar em unidades hoteleiras algarvias. Mas até na dança a crise chegou e o número de espetáculos tem vindo a diminuir. Manuel Franco admite que esta situação resulte das dificuldades que o setor hoteleiro também enfrenta e que obrigam a cortes em algumas atividades de animação.

“Existe um empenho grande da nossa parte”, garante Manuel Franco firmemente convicto de que este é um projeto para concretizar.

Folkfaro’2010 volta a apostar na qualidade

O papel de embaixador de Faro no mundo atribuído ao GFF é assumido pelo grupo tanto nas apresentações pelo mundo fora como enquanto anfitriões e organizadores do maior festival de folclore realizado a Sul do Tejo: o FolkFaro – Festival Internacional da Cidade de Faro. A nona edição do festival volta à carga entre 21 e 29 de Agosto e é possível adiantar que os grupos convidados são de Cuba, Martinica, França, Malta, Turquia e Letónia. “A qualidade vai manter-se”, garante o dirigente do GFF.

Manuel Franco explicou ao JA que cada edição do Folkfaro arranca quase em simultâneo com o encerramento da edição anterior, até este evento obriga a grandes questões logísticas. Este ano, a organização deparou-se com um problema adicional, ou seja, a escola D. João de Deus (antigo Liceu de Faro) vai entrar em obras e não pode ser o local de alojamento dos grupos convidados. Contudo, nesta edição, esta tarefa vai ficar a cargo da Escola Secundária Pinheiro e Rosa.

80 anos a provar a garra e a cultura algarvia

Nasceu na década de 30 pela vontade de Serafim Carmona e Francisco Mascarenhas de criar um grupo de danças populares do Algarve. Estes dois senhores foram responsáveis pelo surgimento do “grupo de tocadores de harmónio e pares baiadores do corridinho”, grupo que é apontado como embrião do Grupo Folclórico de Faro.

Até 1970, o grupo foi dirigido por Henrique Bernardo Ramos que foi entretanto substituído por Fernando Fantasia. Muitos dos grandes “mestres” algarvios do acordeão passaram por este grupo, nomeadamente: José Ferreiro (pai), António Madeirinha, José Granja, Marum, José Padeiro, António Mestre, Armindo Barbosa, João Bexiga, Daniel Rato, Álvaro Carminho, Fernando Inês, entre outros.

Também foram muitos os que não deram descanso às pernas e bailaram o corridinho com a energia, alegria e rigor que ele merece. Neste capítulo, importa recordar as primeiras mulheres que, desafiando a sociedade de outrora, integraram o grupo, nomeadamente: Dorília Carmona, Teresa dos Santos e Maria dos Santos.

A forte emigração da década de 50 fez várias “baixas” no grupo, obrigando a períodos de interrupção. Entretanto, o grupo tem vindo a ganhar nova pujança, já percorreu países de todo o mundo e prepara-se agora para ir até aos Estado Unidos da América para levar o corridinho algarvio até ao FolkMoot – Festival Internacional de Folclore que se realiza na Carolina do Norte.

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