Guadiana sem registo de caudal, mas Espanha continua a captar água

Desde janeiro deste ano que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) não divulga os dados de monitorização dos caudais de água que entram e saem do rio Guadiana. Numa época de seca extrema com alertas do ministro do Ambiente para a falta de água na região, que tem preocupado a população, junta-se a este problema a captação de água do Guadiana para a região de Huelva, em Espanha, que já devia estar suspensa há 40 anos

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O rio Guadiana é a fronteira natural que divide o Algarve de Andaluzia, em Espanha. O controle deste rio é feito pela APA que, segundo o jornal Público, entre janeiro e 20 de julho não divulgou o volume de água que entrou em Portugal durante 41 dias, tal como não publicou os caudais lançados no troço internacional durante 72 dias.

Ainda segundo a mesma publicação, durante o mesmo período, as estações automáticas do Serviço Nacional de Informação de Recursos Hídricos não apresentaram frequentemente as massas de água libertadas para o curso do Guadiana em Portugal, a partir do Açude de Badajoz, com uma omissão de dados mais acentuada no troço entre o Pomarão e Vila Real de Santo António.

Já na estação do Monte da Vinha, entre a segunda metade de junho e o início de julho, foram registados 11 dias de caudal zero ou abaixo do valor mínimo de dois metros cúbicos por segundo.

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Este registo do Serviço Nacional de Informação de Recursos Hídricos significa que as autoridades espanholas não estarão a cumprir com as descargas feitas a partir do Açude de Badajoz, apesar da Confederação Hidrográfica do Guadiana, que gere a bacia em Espanha, apresentar valores durante esse período superiores a dois metros cúbicos.

Captação para Espanha
Esta discrepância de dados que é apresentada a partir de Badajoz e do volume de caudais que são lançados no troço do Guadiana internacional é registada numa massa de água onde é feita uma captação para Espanha, considerada ilegal.

Nos anos 70, um sistema que bombeia e transvasa foi instalado no canal Boca-Chança, que envia para o país vizinho um volume de água que pode chegar até aos 75 hm3/ano.

Segundo as autoridades da Andaluzia, este sistema foi instalado para abastecer a agricultura e turismo naquela região durante a construção da barragem de Chança, em 1985. Apesar das obras já estarem terminadas há 40 anos, as captações continuam.

Atualmente existem obras no canal de Granado e no túnel de São Silvestre, que irá encaminhar a água captada no Boca-Chança para a região espanhola.

Em Portugal está prevista a captação de água na zona do Pomarão para a barragem de Odeleite, no concelho de Castro Marim, que aguarda resultados do estudo de impacto ambiental e de conversações com o governo espanhol. Do outro lado, Espanha nunca pediu a Portugal para realizar as captações.

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