Human Rights Watch apela à ONU para investigar massacre do verão passado no Egito

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Corpos de vítimas dos confrontos entre militares egípcios e militantes islamitas pró-Presidente Morsi, alinhados no interior da mesquita Tawhid, no Cairo, em agosto de 2013

A Human Rights Watch (HRW) apelou esta terça-feira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para avançar com um inquérito Internacional às mortes ocorridas há um ano, no Egito, durante as manifestações de apoio ao Presidente deposto Mohammed Morsi.

Após o incidente de segunda-feira, em que dois dirigentes daquela organização não-governamental terão sido barrados no aeroporto do Cairo, onde permaneceram cerca de 12 horas, a ONG formulou o pedido onde se solicita à ONU que seja possível responsabilizar e levar a julgamento os culpados pelas centenas de mortes resultantes de confrontos com a Polícia e pelo Exército egípcios.

O Presidente islamita foi destituído pelos militares a 3 de julho de 2013. Com base na investigação já feita, a HRW apela que o inquérito internacional independente esclareça que papel teve então o atual Presidente Abdel-Fattah el-Sissi e outros cerca de dez mil militares e chefes de segurança no que diz respeito à morte de 1150 pessoas.

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Considerado como um dos mais graves massacres da história moderna do Egito, o incidente mais grave dessa época aconteceu no dia 14 de agosto, quando as autoridades dispararam indiscriminadamente sobre uma manifestação de apoiantes de Morsi, no Cairo, matando 817 pessoas em apenas 12 horas. A Human Rights Watch intitula o episódio como um dos “mais hediondos crimes ocorridos num só dia” e, sem dúvida, um dos mais marcantes na “mais recente história do Egito”.

Os dirigentes da HRW Keneth Roth e Sarah Leah Whitson, ontem retidos no Cairo, tinham como objetivo apresentar a jornalistas e diplomatas o relatório da sua organização em que são esmiuçados detalhes dos sucessivos ataques do verão passado. O pedido de um inquérito internacional baseia-se no uso de “força desmedida” por parte dos militares, onde se aponta a forma “consciente” como centenas de manifestantes desarmados foram mortos.

Os números de mortes totais foram sempre díspares consoante os pontos de vista. Se o governo egípcio contabilizou 624 mortos, os apoiantes de Morsi falam em pelo menos 2500, embora as contagens de diversos grupos de Direitos Humanos apontem para uma média de mil vítimas, oito dos quais agentes das autoridades.

Recordando que nenhuma investigação formal se tornou pública pelo Ministério Público, bem como até agora ninguém foi responsabilizado pelos ataques a manifestantes indefesos, a Human Rigths Watch insiste na necessidade de não deixar cair no esquecimento a tragédia do ano passado.

RE

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