“A via da eletrificação tem sido amplamente preconizada pela União Europeia para a transição para uma mobilidade mais sustentável, embora não deva ser a única. Se apostarmos numa solução de só usarmos a via da eletrificação, vamos demorar muitos anos para atingir as metas”, acrescenta.
O responsável admite que “os veículos elétricos são parte importante da solução”, uma vez que a exploração de lítio tem um grande impacto ambiental, para além do problema do fim de vida das baterias, mas “no entanto, consideramos que como exemplo, os combustíveis de baixo carbono são um dos vetores energéticos essenciais para a descarbonização da mobilidade a par da eletricidade e do hidrogénio”.
“Só a adoção das várias soluções disponíveis, permitirá que se alcancem os objetivos ambientais definidos”, salienta.
Alexandre Ferreira conta ainda que foi criada recentemente a Plataforma de Combustíveis de Baixo Teor de Carbono, da qual a ANECRA é entidade fundadora, que nasceu “da necessidade de, junto das entidades políticas competentes, em Portugal e na Europa, defender uma solução que não colida com os interesses do setor automóvel, e em especial, com valores onde se incluem a componente social, económica, ambiental e o direito à mobilidade individual”.
Questionado pelo JA acerca dos valores dos veículos elétricos, o presidente da direção considera que “continuam com preços pouco acessíveis para a maioria dos condutores portugueses”.
“Como é que a indústria automóvel pensa combater a utilização de energias fósseis? Existem outras alternativas viáveis e sustentáveis?”, questiona.
Alexandre Ferreira refere ainda que “a dependência de uma única solução tecnológica é limitativa, uma vez que existem alternativas de combustível que consideram aspetos de natureza económica, social e ambiental, como é o caso dos combustíveis de baixo teor de carbono, produzidos a partir de fontes energéticas ambientalmente adequadas e com uma produção é exequível”.
Faltam recursos humanos qualificados no Algarve
O presidente da direção da ANECRA revelou também ao JA que no segmento do comércio e da reparação automóvel, um dos problemas que se coloca no Algarve e, “de forma transversal, em todo o país”, é a “falta de recursos humanos qualificados, cujas competências muito específicas para o setor automóvel, terão de acompanhar a evolução tecnológica verificada, tanto no produto como no serviço”.
Este será certamente um dos problemas que será debatido no evento de sábado, onde a ANECRA “apostará no contacto direto com atuais e potenciais associados, através da presença no local de consultores especializados, que responderão, de forma individual, às questões que os empresários do comércio e da reparação automóvel pretendam ver esclarecidas”.
O Encontro Empresarial do Sector Automóvel do Algarve, segundo Alexandre Ferreira, “reveste-se de grande importância e interesse para o setor automóvel”, num evento que terá em cima da mesa vários temas abordados por profissionais de diversas áreas.
Será possível saber como “Combater a Concorrência Desleal na Reparação Automóvel”, apresentado pelo inspetor da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, Ricardo Silva, como deve ser realizado o “Cumprimento das Obrigações Ambientais”, com o responsável pelo Gabinete Técnico da ANECRA, João Patrício, quais os “Desafios imediatos da atividade no Após-venda”, com Raul Gonzalez da World Shopper Expert Espanha, qual a “Importância das Plataformas Digitais”, com Timóteo Xavier da Audatex/Solera e ainda conhecer detalhes sobre “Financiamento Automóvel e Mobilidade”, com o membro da comissão executiva do BNP Paribas, Pedro Ferreira.
Para o responsável, “este evento marca o arranque da dinamização do Plano de Dinamização Associativa da ANECRA” e promete seguir para outras regiões de Portugal “em breve”, “num conjunto de ações que consideramos de extrema importância com vista a auscultar os nossos associados e o setor em geral, desenhando soluções que sirvam as suas necessidades”.
“Considerando a representatividade da ANECRA, uma entidade de abrangência nacional, uma das nossas principais preocupações é não deixar ninguém para trás, implementando planos de dinamização que deem resposta a este quesito”, acrescenta.
A ANECRA “é a maior e mais antiga associação do setor automóvel a operar em Portugal” e apresenta um Plano Nacional de Dinamização Associativa, com aposta “no contacto direto com atuais e potenciais associados, envolvendo as entidades e comunidades locais”.
“Acreditamos que o potencial do setor automóvel é evidente, face à sua importância no apoio a outras áreas da economia, que dependem da proatividade, que caracteriza os empresários do setor, proporcionando os meios de mobilidade necessários às populações, fator essencial para a sua qualidade de vida”, justifica.
Alexandre Ferreira refere ainda que “a ANECRA atua de forma assertiva nestas circunstâncias, abordando os temas de caráter nacional e regional que permitam às empresas, melhor entender os desafios do futuro, preparando-se para uma realidade que vai para além daquela que se apresenta no seu dia a dia”.