Lagos vira cidade mais doce do mundo

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Um antro de prazer para os mais gulosos. É assim que Lagos vai apresentar-se, entre 30 de julho e 1 de agosto, durante a Feira Concurso Arte Doce, que desde 1987 tem vindo a revitalizar a doçaria tradicional e a transformar os doces algarvios em obras de arte.

A grande vencedora do evento no ano passado, Lucília Baptista, que vem acumulando prémios de doçaria ao longo dos anos, explica ao JA que o segredo do sucesso da feira está nas “mãos” e “paixão” das doceiras, que continuam a seguir as velhas receitas, algumas delas guardadas a sete chaves.

Com mais de 30 anos de dedicação à doçaria regional, ela é uma guardiã dos segredos que deram fama aos doces algarvios, uma tradição passada de geração em geração. Lucília Baptista, 47 anos, é cabeleireira de profissão, em Lagos, mas não consegue viver sem colocar as mãos na massa de vez em quando.

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Doce de amêndoa, Dom Rodrigo, morgados, morgadinhos, doces de figo e doce fino, entre muitos outros doces cuja confeção permanece no segredo dos deuses, são algumas das suas especialidades. “Aprendi tudo com a minha mãe e aos 14 anos já estava completamente apaixonada pela doçaria regional”, recorda Lucília Baptista, que nessa altura também participou pela primeira vez na Feira Concurso Arte Doce.

O certame, que este ano tem lugar entre os próximos dias 30 de julho e 1 de agosto, no pavilhão municipal de Lagos, é considerado o evento mais açucarado do verão algarvio, atraindo anualmente até à cidade lacobrigense perto de vinte mil pessoas.

Depois de ter conquistado diversos prémios nas 23 edições do concurso de arte doce, Lucília Baptista foi a grande vencedora de 2009. “Foi um dos momentos mais altos da minha vida”, reconhece ao JA a doceira em part-time, que já está a preparar a sua participação na edição de 2010 do evento.

Considerada uma especialista em doces finos, esta mulher – que divide a sua vida entre os cabelos, os bolos e os três filhos – não quer revelar o segredo dos seus doces. “Só posso adiantar que são feitos à base de amêndoas, ovos e açúcar. Depois, está tudo nas mãos e na paixão com que fazemos os doces”, afiança, frisando que “todos os doceiros têm os seus pequenos segredos, que vão ao encontro do gosto pessoal de cada um, e esse mistério contribui para a projeção da feira dos doces em Lagos”.

Respeito pelo receituário tradicional

Nas feiras, são muitos os visitantes que não conseguem resistir à gula e tornam-se clientes de Lucília Baptista. “Tenho pessoas que vêm de todo o país e do estrangeiro para comprar os doces regionais, o que comprova a qualidade dos nossos produtos e dá-me motivação para continuar a fazer esta arte”, sublinha.

Para além da qualidade dos ingredientes, o segredo por trás do sucesso dos doces da cabeleireira de 47 anos está “no respeito pelas receitas antigas”. “Os doces algarvios são já um património da região e um dos produtos que dão fama ao Algarve.

Em Lagos, são várias as pessoas que continuam a seguir as receitas tradicionais, com origens remotas, e que tornam estes doces tão especiais e únicos”, frisa. Para não deixar morrer esta tradição, Lucília Baptista usa todo o carinho e sabedoria que acumulou durante vários anos “para ensinar às amigas” a sua arte, bem como está sempre disponível para se deslocar até às escolas para mostrar às crianças como se fazem os doces algarvios. “Fico feliz, pois é uma forma de dar continuidade à doçaria regional algarvia, uma tradição da nossa terra que não deveria acabar nunca”, conclui emocionada.

Tradição mais genuína da região

Segundo a Câmara de Lagos, o objetivo da Feira de Arte Doce é precisamente “contribuir para a preservação e revitalização de uma das tradições mais genuínas e apreciadas na região, a doçaria, sobretudo à base de amêndoa e figo”.

Este ano, entre as novidades do certame está o facto de, pela primeira vez, marcarem presença doceiras de outras regiões do país, como é o caso de Óbidos, Portalegre, Torres Vedras, Alcobaça e Guimarães. Para além do setor da doçaria, a feira – que se realiza em Lagos desde 1987 e tem entrada gratuita – conta com a presença de artesãos e vendedores de frutos secos. Paralelamente, existe um espaço dedicado aos “comes e bebes”, com tasquinhas geridas pelos clubes e associações recreativas do concelho.

Para os mais jovens, também foram programados espaços e diversas atividades. Além dos tradicionais concursos “Arte Doce” e “Qualidade na Tradição”, esta edição volta a contar com a participação de quatro artistas plásticos locais que, em conjunto, com quatro doceiras, realizam peças grandes, em doce, criando verdadeiras obras de arte. O tema desta 24ª edição da Arte Doce é o primeiro centenário da Implantação da República em Portugal.

Assim, durante os três dias do evento, a regra de ouro das doceiras é colocar a criatividade e a arte em forma de doce e, dos visitantes, é darem folga à dieta e entregarem-se à gula.

Tendo em conta que a feira vai decorrer pela primeira vez no pavilhão municipal de Lagos, a autarquia decidiu que os visitantes podem usufruir da piscina, ginásio e das aulas de fitness gratuitamente, nos dias 30 e 31 de julho.

Diana Piedade anima Arte Doce

Os prazeres do açúcar não são a única atração da 24ª Feira Arte Doce. A jovem cantora Diana Piedade, finalista do programa “Ídolos”, é a cabeça de cartaz musical do evento.

Para além da doçaria, a animação também vai andar à solta durante os três dias da feira, que se realiza este ano no pavilhão municipal de Lagos.

O certame arranca no dia 30, às 18h00, estando programadas neste dia as atuações do Rancho Folclórico de Odiáxere (19h00), da Messy Band – Orquestra de Jazz de Lagos (20h30) e a Ópera “Ensaio Aberto”, pela ATA e Orquestra do Algarve, às 22h00.

No dia 31, a animação está a cargo do grupo de sopros da Academia de Música de Lagos (19h00), Grupo de Gaiteiros de Freiria de Torres Vedras (20h30) e a noite encerra com o espetáculo do grupo Lucky Duckies (22h00). Para o último dia da feira, 1 de agosto, está reservada a entrega de prémios referentes aos concursos “Arte Doce” e “Qualidade na Tradição” (18h30).

O programa de animação continua depois com o grupo da Sociedade Filarmónica Lacobrigense 1º. de maio (19h30), a animação circulante com o Teatro Experimental de Lagos (20h30) e a feira encerra com chave de ouro com o espetáculo de Diana Piedade, a jovem cantora de Lagos que brilhou no programa da SIC “Ídolos”.

Nuno Couto / Jornal do Algarve

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