Lojistas algarvios querem pagar menos nos centros comerciais

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Pequenos comerciantes do Algarve queixam-se das rendas elevadas nas grandes superfícies e querem renegociar contratos. ACRAL diz que a alternativa é fechar as lojas.

Os centros comerciais no Algarve estão a atravessar tempos difíceis, e depois de já terem dado sinal amarelo com uma greve de um dia em Tavira, os protestos surdos dos lojistas começam agora a alastrar a toda a região.

João Rosado, presidente da Associação de Comerciantes da Região do Algarve (ACRAL), adianta que duas grandes superfícies (do grupo E.Leclerc) já fecharam e garante que se nada for feito, outras se seguirão: “Sabemos que as lojas-âncora pagam rendas perfeitamente simbólicas e são os pequenos comerciantes que suportam o grosso da liquidez das rendas, investindo no centro porque não têm capacidade para negociar essas rendas. São eles que estão a atravessar a crise, são eles que não conseguem suportar as rendas”, denuncia.

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O presidente da ACRAL admite que, com a existência de contratos assinados com as gerências dos centros comerciais, não são fáceis as alterações ao valor das rendas, mas avisa que não há alternativa: “Sabemos que essa receita é vital para o business plan do centro comercial, mas ou eles criam condições para os pequenos empresários poderem pagar as suas rendas ou os negócios vão fechar, havendo renovação de lojas o que nesta altura também não nos parece fácil”, prevê.

Só um terço do comércio está realmente ativo

E se a situação nas grandes superfícies já é complicada, no centro das cidades agrava-se com a falta de organização dos comerciantes para uma ‘política comum’.

“Estamos preocupados com os centros das cidades uma vez que não há unidade em termos de gestão, não há uma política conjunta como num centro comercial e a sobrevivência é deveras mais complicada. Quem tem uma palavra a nível económico são as câmaras municipais que estão enterradas nos seus problemas económicos e sem capacidade de investimento”, lamenta João Rosado.

Como exemplo, o rosto da ACRAL aponta um estudo realizado recentemente em Portimão sobre o tecido comercial da zona nobre da cidade. A investigação abrangeu cerca de 300 comerciantes e chegou à conclusão que na zona pedonal das 300 lojas existentes ao longo dos anos, hoje apenas 100 mantêm a mesma entidade a gerir, enquanto outras 100 já mudaram de ramo e são negócios de rotação e as restantes estão fechadas. Isto é, só um terço do tecido empresarial a nível comercial está realmente ativo. “É a radiografia do centro da cidade e o reflexo do que se passa no resto do país”, conclui João Rosado.

Recorde-se que a 12 de outubro, a maioria dos estabelecimentos de restauração do centro comercial Gran Plaza, de Tavira, não abriu como forma de protesto contra o valor das rendas aplicadas e protestaram pelo facto de a administração daquele espaço comercial não conseguir cativar mais público. Na altura, os comerciantes explicaram que apesar da crise as rendas foram aumentadas, existindo casos de lojistas a pagar valores que rondavam os cinco mil euros por mês.

JA/Rede Expresso
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