A presidente da Câmara de Lagos adianta ao JORNAL DO ALGARVE que já existe um projeto para mandar abaixo o esqueleto de betão armado próximo da Ponta da Piedade. As “Torres da Crotália” foram abandonadas nos anos 70 e, desde então, constituem uma “mancha” urbanística na paisagem do litoral algarvio
A construção das duas torres da Torraltinha, também conhecidas como as “Torres da Crotália”, arrancou ainda nos anos 60, mas as obras pararam logo após o 25 de Abril de 1974, quando o grupo colapsou. Desde então, já houve alguns projetos para recuperar as torres, mas nunca chegaram a avançar no terreno.
Em declarações ao JORNAL DO ALGARVE, a presidente da Câmara de Lagos revela que esta “mancha” urbanística vai ser erradicada de vez já no próximo ano, com a demolição das duas torres inacabadas.
“Temos nos serviços municipais um pedido de reabilitação de todo aquele espaço, que contempla a demolição dos edifícios inacabados e a construção de dois novos edifícios na área da hotelaria”, adianta Maria Joaquina Matos, frisando que “a obra vai começar em 2019” e “o desaparecimento daquelas torres será um grande momento para Lagos, que vai permitir requalificar toda a área, junto à paisagem deslumbrante da Ponta da Piedade”.
Refira-se que, em março de 2012, a Câmara de Lagos e a empresa TroiaResort (do Grupo Sonae) chegaram a estabelecer um protocolo que tinha em vista o desenvolvimento de vários projetos em Lagos, nomeadamente a conclusão da construção das duas torres destinadas a empreendimentos turísticos.
Mas o grupo liderado na altura por Belmiro de Azevedo nunca chegou a avançar com o projeto, com a justificação de que o ambiente económico não era favorável… E a obra permaneceu até aos dias de hoje só com o “esqueleto” de betão armado, sendo que este “mamarracho” é atualmente conhecido como um dos mais famosos “pontos negros” da costa algarvia.
Demolição é a única solução
“Estou muito satisfeita por finalmente chegarmos a acordo após tantos anos de indefinição”, desabafou Maria Joaquina Matos, assegurando que o projeto de demolição vai mesmo avançar no próximo ano.
A demolição é a única solução urbanística neste caso, já que as normas portuguesas apontam que a garantia de tempo de vida útil do betão armado, no caso das construções comuns (edifícios de habitação), é de cinquenta anos. E a proximidade do mar e a exposição da estrutura às intempéries são fatores que aceleram a sua degradação, pelo que as torres terão mesmo de vir abaixo!
Para além deste “mamarracho”, a autarca de Lagos salienta que outras “manchas” urbanísticas também estão em fase de resolução. É o caso do antigo hotel São Cristóvão, à entrada da cidade, que já foi demolido e está em curso o projeto de um novo hotel. Já para o hotel Golfinho, junto à praia D. Ana, está em aprovação na câmara municipal o projeto para a sua reabilitação.
(NOTÍCIA PUBLICADA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 28 DE JUNHO)
Nuno Couto|Jornal do Algarve