A Guiné, nos anos 70, vivia dias "onde a guerra era total, onde o conflito militar era mais duro e violento", segundo relata Mateus da Silva num texto publicado na revista "O Referencial".
A luta contra o regime salazarista começou com reivindicações corporativas por parte dos militares e com exemplares da revista ZOE, do Agrupamento de Transmissões, que desde agosto de 1972 circulava em todas as unidades do território da Guiné com uma linha editorial crítica ao Governo.
A partir desse mesmo mês, durante um ano, decorreram as reuniões na messe de oficiais de Bissau e no Agrupamento de Transmissões "onde se falava já, abertamente, na necessidade de derrubar o Governo”.
A Guiné era então a única ex-colónia onde o Movimento das Forças Armadas (MFA) estava organizado antes do 25 de abril, tendo-se até encarado a hipótese, por duas vezes, de se iniciar a revolução naquele país.
Otelo Saraiva de Carvalho chegou até a enviar uma carta a pedir para ser iniciada a revolução na Guiné, apesar de terem considerado que a dependência logística de Lisboa e a situação em que as suas famílias iriam ficar expostas não permitiam liberdade de ação.
Os contactos com o Movimento das Forças Armadas na metrópole eram realizados por intermédio de elementos que regressavam ou se deslocavam de férias, que levavam consigo informações.
Foi também o único território onde o Movimento das Forças Armadas acompanhou a revolução com um golpe feito por sua iniciativa, destituindo o poder constituído e substituindo por outros elementos do movimento.
O primeiro governador da Guiné
O General António Eduardo Mateus da Silva foi o primeiro governador da Guiné na era democrática, nascido em Vila Real de Santo António a 8 de outubro de 1933.
Foi comandante do Agrupamento de Transmissões de Bissau quando o Movimento das Forças Armadas começou a formar-se e decorreram as primeiras reuniões, após Mateus da Silva ter chegado àquele território em junho de 1972 como Tenente-Coronel.
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