Mesmo para nada

Sobre a má e a boa literatura, lembro-me de alguém que opinava e defendia os chamados romances de aeroporto, uma inutilidade de pensamento, porque, hoje, quem vai apanhar um avião e espera, não abre um livro nem que lhe afiancem que sem essa condição, o voo é capaz de ser atrasado e, em última instância cancelado. Não me admira nada que um dia destes, uma das companhias aéreas que nos cobra se levarmos uma mariconera à tiracolo, o faça se transportarmos debaixo do braço um livro com mais de duzentas páginas. Já me perdi, vamos redireccionar, como agora se diz: a opinião sobre os chamados romances de aeroporto, cingia-se ao facto de, com a sua leitura, pelo menos aprendermos qualquer coisa; podiam versar ser sobre amor, tribunais, espionagem (um clássico) ou segunda guerra mundial enquanto que, com os de outra estirpe (na realidade o autor da ideia referia-se aos romances escritos por portugueses; cheios de má linguagem poética, ou em alternativa a fatal auto-ajuda que só ajuda quem escreve o livro), raramente se aprende e os romances não passam de pura treta. Por acaso e pelo que escrevi, estava a lembrar-me do Chega. Como sabemos (o Avarias e eu) trata-se de um partido sem préstimo, capaz de pegar em todas as migalhas que a esquerda estúpida lhe deixa, para tentar enrolar a direita democrática e com isso ir subindo patamares, até à derrota final. O Chega diz o que muitos portugueses confiam para si próprios, mas calam porque pensam ser excessivo, votando depois no centrão. Ou seja, sendo rascas e mal-intencionados, deviam pelo menos, a reboque da sua existência, servir para alguma coisa. A questão é que não servem. Por exemplo no caso da Câmara de Setúbal no problema dos funcionários russos versus associação de ucranianos, deviam, atendendo ao seu carácter xenófobo e racista, lembrar aos ucranianos que nos apontaram o dedo, pedindo a ilegalização do PCP, “ó meu amigo aqui vivemos numa democracia”, portanto se não estão de acordo com os nossos códigos de estado de direito, a porta está aberta. Mas, porque não lhes interessa, estão calados que nem ratos. Os restantes partidos e forças vivas, em geral, também, andam um bocadinho adormecidos, porque se olharmos pelo outro lado, vou ali e já volto. Alguém lembrou que o ucraniano (falando em nome da sua associação) que proferiu tais palavras está muito bem integrado e que é também xenófobo atirar-lhe essa coisas à cara. Ou seja, se o ucraniano está a viver há muito tempo por cá (parece que vinte anos), deve ser – por isso – tratado como um português normal. O que diriam as forças vivas da nossa política a um português normal que pedisse a ilegalização do PCP?, “ó meu amigo aqui vivemos numa democracia”. Então não percebo a razão porque se calaram com o ucraniano. Tem boca para falar, tem cabeça para levar. Já perceberam porque cresce o Chega? Cresce, mas não serve para nada.

Fernando Proença

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