Os sociais-democratas madeirenses conquistaram nova maioria absoluta nas regionais na noite eleitoral de maior inquietação e incerteza da história do partido. O 24.º deputado do PSD, o que garante a maioria absoluta dos 47 deputados da Assembleia Regional, só foi eleito depois de contada a última freguesia, o Caniço, cujos votos foram disputados com a surpresa deste domingo: o JPP. O grande derrotado é o PS, cujo líder já se demitiu.
Quando se confirmou a maioria, suspirou-se de alívio na sede social-democrata e soltaram-se foguetes. Miguel Albuquerque, o presidente do Governo Regional eleito, surgiu pouco depois para falar do futuro e mostrar que é diferente. Além do futuro governo, dos desafios e da certeza que é possível renegociar a dívida com Pedro Passos Coelho, Albuquerque fez questão de cumprimentar os adversários, os jornalistas e os compatriotas dos Açores e do continente.
Apesar dos foguetes e da festa pelas ruas do Funchal – desta vez a pé porque os eleitos devem estar próximos dos eleitores – o novo líder quis cumprimentar os “adversários pela forma exemplar como correram a campanha e as eleições” e fez apelo para que todos “possam contribuir para prestigiar a Madeira no futuro”. E como a noite foi diferente e a vitória suada, Miguel Albuquerque quis por um fim aos recorrentes incidentes com jornalistas nas noites eleitorais. Desta vez receberam um cumprimento pelo trabalho, só “deu credibilidade” às eleições.
Os “compatriotas dos Açores e do continente” também foram saudados a partir da sede do PSD no Funchal. A autonomia regional, lembrou, é um “dos sucessos da democracia portuguesa”. Os anos da dialética política de Alberto João Jardim com Lisboa parecem fechados e Albuquerque quer acabar com a origem do que deu azo, na Madeira, aos populismos e quebrou as pontes com a República. Quanto ao Governo, será formado durante as próximas semanas, garantiu. Do Governo que sai, que também é do PSD, Miguel Albuquerque recebeu uma carta de felicitações de Jardim.
O sobressalto do PSD acalentou, por umas horas, o sonho do CDS chegar ao Governo Regional através de uma coligação. José Manuel Rodrigues bateu-se por isso e na noite deste domingo achou que a festa seria dos centristas. Até ao último minuto, a esperança manteve-se, mas a possibilidade de ir para ao governo acabou por não acontecer. Destas eleições, fica o prémio de consolação de ser o segundo partido mais votado e ter sete deputados, menos dois do que em 2011.
A derrota mais pesada é do PS que, tentou reeditar a coligação das autárquicas, mas acabou por ter eleger apenas seis deputados , tantos como os socialistas conseguiram em 2011, um desastre que, na altura, foi histórico. Desta vez, com a coligação Mudança – juntava PS, PTP, PAN e MPT – o PS elege apenas cinco deputados. O sexto é do PTP de José Manuel Coelho. Victor Freitas, que insistiu sempre na vitória, apresentou a demissão da presidência do PS. O partido terá agora de se erguer deste resultado que o colocou com o mesmo número de deputados que o JPP.
O JPP, o partido que nasceu de um movimento de cidadãos e legalizado em janeiro, é a grande novidade das eleições deste domingo. Em Santa Cruz, o concelho onde nasceu o partido e o segundo mais populoso da Madeira, o JPP bateu-se em votos e percentagem com o PSD e, por pouco, não tirava a maioria absoluta aos sociais-democratas. O líder, Elvio Sousa, é arqueólogo e o partido mantém o espírito do movimento de cidadãos que ganhou a Câmara de Santa Cruz.
A estreia na Assembleia Regional começa com cinco deputados e o JPP fez a festa pela ruas do Funchal com bandeiras e o hino, que fica no ouvido e diz que este “é o momento”. Esta noite também foi o momento do BE que, depois de ter perdido a representação parlamentar em 2011, regressa, mas desta vez com dois deputados. Também a CDU aumentou a votação e o número de deputados, passa de um para dois. O PND, que fez a campanha numa ambulância, mantém o deputado.
RE