Mínimos históricos. Juros da dívida portuguesa abaixo de 1,6%

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Mario Draghi referiu esta quarta-feira que o programa de compra de dívida pública da zona euro iniciado a 9 de março estava a funcionar como uma “blindagem” face a um contágio da Grécia

A yields da Obrigações do Tesouro português (OT) desceram pelas 8h30 para um novo mínimo histórico de 1,57% no mercado secundário.

Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, referiu na quarta-feira que o programa de compra de dívida pública da zona euro iniciado a 9 de março estava a funcionar como uma “blindagem” face a um contágio da Grécia (com as yields das obrigações entre 2 e 10 anos em dois dígitos e o prémio de risco face à dívida alemã acima de 1000 pontos base, o equivalente a 10 pontos percentuais) e mencionou explicitamente o caso português como demonstração do efeito da intervenção.

O custo de financiamento da dívida portuguesa a 20 anos desceu para 2%, inferior às yields registadas para os títulos do Tesouro norte-americanos a 10 anos, que registam 2,1%. O custo de financiamento da dívida dos Estados Unidos a 10 anos é superior em mais de meio ponto percentual em relação às yields das OT naquela maturidade. Ou seja a dívida norte-americana de longo prazo é financiada a taxas mais elevadas do que a dívida de um país cuja dívida de longo prazo é considerada especulativa (vulgo “lixo financeiro”) pelas três principais agências de notação de crédito.

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Neste momento, a yield verificada no mercado secundário para as OT a 20 anos é já inferior ao custo médio de 2,9% do empréstimo do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira com uma maturidade média final de 19,5 anos e ao custo médio de 2,1% do empréstimo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira com uma maturidade média final de 20,8 anos. Ou seja, é inferior ao custo médio dos dois programas europeus de resgate que têm maturidades próximas.

A trajetória de descida acentuada desde o início do programa de compra de dívida pública pelo BCE a 9 de março, no início desta semana, abrange todos os outros periféricos do euro, com exceção da Grécia, e as restantes economia do centro, que estão a beneficiar de descidas muito acentuadas em certos prazos e de custos de financiamento a muito longo prazo inferiores a 1%.

Na abertura desta quinta-feira, as maiores descidas registadas nas yields verificavam-se nas obrigações irlandesas a 2 anos (descida de 400%), francesas a 6 anos (descida de 111%) e holandesas a 6 anos (descida de 100%). A Alemanha e a Holanda financiam-se a 30 anos abaixo de 0,7%, com novos mínimos históricos diários, e a Áustria financia-se a 50 anos a 0,8%.

Exceção grega

A situação grega agravou-se na quarta-feira com as yields das obrigações a 10 anos a subirem para 10,8%, a 5 anos para 14,8% e a 2 anos para 18%. O prémio de risco da dívida grega em relação à alemã, que serve de referência, subiu para 1059 pontos base e o custo de segurar a dívida grega a 5 anos em relação a um incumprimento de pagamento (um default nesse horizonte temporal) quase chegou a 2000 pontos base, o que coloca a economia helénica no “clube” dos quatro países com mais alta probabilidade de bancarrota (Venezuela, Ucrânia, Paquistão e Grécia). Na abertura de quinta-feira, as yields estão em trajetória descendente a 10 anos, mas a subir ligeiramente a 2 e 5 anos.

A Grécia foi excluída pelo BCE do programa de compra de dívida pública em curso, pelo menos até final de agosto. O Tesouro grego foi na quarta-feira ao mercado de dívida tendo emitido 1,3 mil milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a 3 meses, pagando uma taxa média de remuneração de 2,7%, superior a 2,5% verificado na emissão similar anterior. A Grécia financia-se no muito curto prazo a taxas que são superiores às yields registadas para as obrigações portuguesas a 20 anos.

Os gregos esperam que o BCE possa dar na reunião desta quinta-feira um sinal positivo em relação a alguns temas pendentes (subida do teto de emissão de bilhetes do Tesouro e novo aumento do limite para o recurso da banca grega à linha de liquidez de emergência junto do banco central grego).

Iniciaram-se esta manhã em Atenas as primeiras reuniões técnicas entre uma equipa estrangeira do agora designado “Grupo de Bruxelas” e equipas gregas. O grupo passou de troika para quarteto no que respeita a técnicos do grupo de credores oficiais da Grécia, e é formado por membros do BCE, do Fundo Monetário Internacional, da Comissão Europeia e dos dois Fundos europeus de resgate. Segundo as autoridades gregas, os técnicos estrangeiros do grupo só se podem deslocar a Atenas com autorização do governo grego, não têm acesso a ministérios e as reuniões realizam-se num hotel da capital helénica sem anuncio aos meios de comunicação social.

RE

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