Ministro francês em “tournée” contra a extrema-direita

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Quase toda a gente, tanto da direita como da esquerda, mostra inquietação com a forte subida da Frente Nacional (FN) que, no domingo passado, surgiu muito destacada, em primeiro lugar, numa eleição regional antecipada num “cantão” do sul do país.

O Governo socialista e a UMP (União para um Movimento Popular, direita), receiam que, nas próximas eleições autárquicas e europeias, em 2014, a FN alcance uma votação histórica enorme.

“FN é o primeiro partido de França” – Jacques Attali

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O alarme, e mesmo o pânico, é geral e é confirmado por Jacques Attali, analista e ex-conselheiro do falecido ex-presidente socialista, François Mitterrand. “A FN é hoje o primeiro partido político de França”, garantiu ontem o economista e escritor.

O Governo também reconhece, muito oficialmente, o perigo e o primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, confessou há dias achar que a FN “é realmente perigosa”. “Marine le Pen quer governar, ao contrário do pai (Jean-Marie, fundador do partido), que apenas queria força para protestar”, disse o chefe do Governo.

Hoje, Manuel Vals, polémico ministro do Interior, inicia no leste do país, na região da Moselle, uma viagem para tentar travar a ascensão do partido de ultra-direita. Em Forbach, cidade que Vals vai visitar hoje, Marine le Pen alcançou 26 por cento dos votos nas eleições presidenciais de 2012.

Marine diz que FN não é de extrema-direita

“É indecente ver um ministro do Interior lançar-se numa campanha anti-FN em vez de lutar contra os delinquentes e os criminosos!”, exclama, esta manhã, Marine le Pen.

A líder nacionalista continua a “desdiabolizar” o partido, que tem hoje uma imagem muito mais moderada do que tinha no passado, quando o seu pai era o chefe. Marine ameaça agora com processos judiciais todos os que qualificarem a FN de “extrema-direita”.

O ministro afirma que vai à região do leste falar sobre a segurança dos franceses e garante que “a questão da segurança não é de direita nem de esquerda”. Manuel Vals é acusado por setores da esquerda e ecologistas de favorecer a adesão popular à FN ao evocar com demasiada insistência as questões de segurança, incluindo assuntos muito polémicos como o seu desejo de expulsar de França ciganos romenos e búlgaros.

Hollande em queda livre

O ministro do Interior é o mais bem visto de todo o Governo (68 por cento dos franceses apoiam-no), ao contrário do chefe do Estado, François Hollande, que se encontra em queda livre nas sondagens com apenas 23 por cento de opiniões positivas.

A subida da FN é atribuída à crise, ao desemprego, à insegurança, às promessas não cumpridas nem pelos governos de direita nem pelos de esquerda e também às divisões na direita francesa que não se entende sobre a estratégia a adotar, nas eleições, face ao partido de Marine le Pen.

Os socialistas criticam os dirigentes da direita por alegadas alianças em preparação com a FN para as eleições autárquicas, mas alguns também atacam Manuel Vals. “Os fracassos políticos começam sempre pelas dimensões intelectuais, digo-o para todos”, afirmou Vincent Peillon, ministro da Educação.

Daniel Ribeiro (Rede Expresso)

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