Monchique “está a mudar” apesar da gestão “condicionada”

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Um ano após as eleições autárquicas em Monchique, que ditaram o afastamento do socialista Carlos Tuta, que governava o concelho desde 1982, o novo presidente social-democrata analisa o trabalho realizado no primeiro ano de mandato. Em declarações ao JA, Rui André diz que passou os últimos meses a “arrumar a casa” e fala ainda dos projetos que pretende realizar em Monchique durante este mandato.

Após acabar com o domínio socialista de 27 anos na Câmara de Monchique, o novo autarca social-democrata passou o primeiro ano de mandato a “pôr ordem na casa” e não esconde que tem a gestão “condicionada” pela dívida herdada.

No dia 11 de outubro de 2009, o PSD conquistou a maioria dos votos, constituindo uma das maiores surpresas daquela noite eleitoral. É que o derrotado era, nem mais nem menos, o “dinossauro” autárquico Carlos Tuta, que somou vitórias atrás de vitórias, em todos os atos eleitorais, desde 1982.

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Um ano depois da tomada de posse (que só aconteceu um mês após ser conhecido o resultado das eleições, no dia 12 de novembro), o novo presidente da câmara, Rui André, fala do “muito trabalho” que tem pela frente para recuperar o atraso do município, garantindo ao JA que “o concelho já está a mudar”.

As maiores dificuldades prendem-se com a situação financeira e a dívida que herdámos” do anterior executivo PS, ou seja, “uma dívida de 11 milhões de euros à banca, com encargos mensais de 250 mil euros para pagar, e uma dívida a fornecedores na ordem dos 4 milhões de euros”, disse ao JA o presidente da Câmara de Monchique, Rui André.

Uma situação “quase insustentável”, que condiciona muito a atividade do município, mas que não desanima o autarca.

A câmara não tem muita margem de manobra para fazer grandes obras, pois a receita corrente e as despesas estão ao mesmo nível. Mas espero ainda concretizar as promessas eleitorais até ao final do mandato”, frisou.

Projetos na área social avançam à frente

Entre essas promessas está a implementação do economato (já realizada) e o lançamento de projetos na área social. O Centro de Dia e Apoio Domiciliário de Alferce e o Lar de Idosos de Marmelete já foram aprovados e as obras vão avançar em 2011, “com 40 por cento do financiamento assegurado pela câmara”, realçou Rui André.

Por outro lado, a Misericórdia de Monchique também vai avançar com o serviço de apoio domiciliário e criar mais um lar de idosos em Monchique. Outra das novidades nesta área será a criação de uma unidade de cuidados continuados em Monchique, que também deverá arrancar em 2011.

A criação da Loja Social para ajudar os mais carenciados, bem como uma viatura para apoiar a população idosa em pequenos arranjos domésticos são outros dos projetos que o autarca espera ver realizados no próximo ano.

No que respeita ao apoio às famílias, o presidente da Câmara de Monchique adiantou que vai “manter os preços acessíveis nas creches do concelho” e criar um incentivo à natalidade, que passará pela “atribuição ainda este ano de um cheque de 500 euros por cada nascimento”.

O aumento das bolsas de estudo para alunos frequentarem o ensino superior (30 este ano) é outra das realizações neste primeiro ano de mandato.

Ainda na área social, Rui André revelou que “está finalmente pronta para arrancar em 2011” a construção de habitação social em 12 lotes na freguesia de Marmelete. “Existem pessoas que estão na lista de espera há mais de 15 anos”, recordou, acrescentando que em Alferce também existem dois lotes para a construção de habitação social, enquanto, em Monchique, existem lotes à venda em São Roque e a câmara procura outras zonas para autoconstrução de habitação social.

Captar investimentos em tempos de crise

Entre os objetivos da Câmara de Monchique está também o arranque do parque empresarial, em 2011, bem como a criação do gabinete “Monchique Investe”, que visa captar investimentos mesmo em tempos de crise.

O projeto está a andar e prevejo que nos próximos anos possam surgir bons investimentos na área do turismo de lazer e turismo de saúde”, salientou Rui André, lembrando que “Monchique ainda pode criar 1350 camas turísticas e há interessados”.

Este Algarve vai ter de se virar para o interior e os investidores já perceberam isso”, referiu o presidente da autarquia, dando como exemplo o recente anúncio da criação de um parque de energia, um projeto que considera “muito ambicioso e importante para a região e até para o país”.

Este parque vai nascer junto ao autódromo, perto da freguesia de Marmelete, e estará em condições de produzir “energias verdes” já em 2011.

Monchique tem uma localização excelente para este tipo de grandes investimentos, que apostem nas energias renováveis”, comentou.

Por seu lado, o autarca também adiantou que o município vai apresentar uma nova imagem, já a partir do início de 2011. “Será uma marca que vai catapultar outros setores económicos, afirmando Monchique como um destino turístico sustentável e ecológico”, disse, referindo-se a áreas e produtos locais, como “a gastronomia, medronho, mel, artesanato, enchidos e os desportos de natureza”.

Há muita coisa por fazer”

Por tudo isto, Rui André faz um “balanço francamente positivo” da sua atividade à frente dos destinos do concelho.

O primeiro ano foi para arrumar a casa em termos de recursos humanos e perceber como funcionam as várias divisões. Não quis fazer fraturas nem mudanças radicais, mas procurei antes integrar-me sem problemas”, afirmou o autarca, garantindo ao JA que os próximos anos é para arregaçar as mangas.

Há muita coisa a fazer, nomeadamente, melhoramentos na zona urbana da vila e arranjos de estradas danificadas e pontões, no valor de um milhão de euros, em resultado das fortes chuvas do final de 2009”, referiu.

O facto de neste ano também não terem ocorrido incêndios “obriga a câmara a pensar bem a estratégia para o próximo ano, pois a probabilidade de fogos será ainda mais elevada”, revelou o presidente da autarquia.

A construção do pavilhão multiusos está também nos planos de Rui André, que quer, assim, “fechar o ciclo de grandes projetos que faltam concretizar no município”.

É que, segundo o autarca, “Monchique é um concelho onde está praticamente tudo por fazer”. “Estamos em 2010 e ainda carecemos de muitos equipamentos. O atraso é de tal forma que só este ano é que a água chegou à zona da Bica Boa, junto à vila”, disse.

Apesar disso, Rui André garante que “o concelho já está a mudar”. “A população está mais satisfeita com este clima que se vive em Monchique, marcado pela abertura do executivo aos seus problemas”, concluiu. 

Nuno Couto / Jornal do Algarve

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