Francisco Louça considerou hoje que, depois das eleições gregas, houve “um suicídio europeu”, que representa ao mesmo tempo ” a vitória alemã” e que “isto, mais o abandono do bem público, não é democracia”
O ex-líder do Bloco de Esquerda falava a propósito da situação na Europa, num debate organizado pelo Instituto Europeu da Faculdade Direito de Lisboa sobre o tema “Grécia, um ponto da situação”.
Para Louçã, as principais propostas gregas – um novo programa que afastasse a austeridade e a negociação da dívida – fracassaram, em grande parte por decisão alemã. As consequências políticas para a Grécia serão ou a aceitação de um novo programa com mais medidas de austeridade, ou o seu arrastamento para fora do euro, disse.
A irrelevância das estruturas europeias, a par do assumir pela Alemanha de um papel de “mandante exposto”, em vez de um “condutor relutante” foi, entre outras, uma das “consequências da aprendizagem grega para a Europa”. “Esta diferença tem um enorme impacto na simbologia europeia”, reiterou.
Num tom desencantado, Louçã afirma igualmente que se está a lutar por uma Europa que já não existe, onde não há espaço para uma outra política e onde houve uma “normalização da elite”, isto é, “a inexistência de qualquer discurso que se exclua da norma”.
“A elite europeia colapsou no isolamento do Governo grego”, diz o ex-líder bloquista, que afirma que todo este processo tem consequências no sistema político: a sua “mediocratização”, onde os conflitos não se decidem, e “a irrelevância dos agentes políticos, de carreiras misteriosas”.
“Uma Europa onde a política não existe deixa a Grécia sem possibilidade negociação, qualquer governo de esquerda ou qualquer política social, na impossibilidade de qualquer negociação”, concluiu.
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