Ora pois acaba o Verão e temos eleições

LP
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Colaboradora. Designer.

A malta, que nem toda nem pouco mais ou menos, ainda está com a cabeça nas férias e nas praias e biquinis sem nada fazer ou, até alguns, a comer marisco, mais que não seja nas feiras do Algarve. Muitos já a apertar o cinto para compensar… mas valeu a pena. Os mais ricos que, não os suficientemente ricos, concedem confundir-se com alguma classe média mais dotada e… mergulham nas águas do Algarve, comem bolas de Berlim e à noite os iniciados e nubentes vão até altas horas da manhã, mais charro menos charro, desfrutar da dita, onde se confundem mais a sério… tudo bem… no mesmo circo!!!

Indiferente a tudo isto – noblesse oblige – os partidos desdobram-se em piruetas tão curiosas e com designações tão sugestivas como “universidade de Verão“ ou “rentrées” para delírio da nossa superior comunicação social sem esquecer os habituais e sempre diligentes comentadores, ou melhor “opinion-makers”. Parabéns!!! Que Deus os ajude para mal de todos nós!!!
Indo ao concreto.

Já toda a gente percebeu com exceção de alguns raros PSD’s, dos quais excluo Rui Rio que tentou o impossível, talvez por ingenuidade e a D. Cristas por dificuldade em conciliar a política com a família democrata-cristã e o excelsior Nuno Melo… e, convenhamos, a dificuldade em conciliar a prática do Portas com aquela gentinha das feiras sem desodorizantes.
Pois é…

Tudo se resume ao PS ter maioria absoluta ou não.
Muito já foi dito e escrito a este respeito. Os resultados (ainda entre nós confiáveis ao que creio) resolverão o problema… resta-nos aguardar… mas nada impede alguma reflexão.
Convém, aqui e agora, ao país uma maioria absoluta do PS… ou não? Dito de outra forma mais redutora: – Está o eleitorado habitual e respetivas largas franjas do PS consciente deste problema?
A situação não é de fácil resposta…
Vejamos:

  1. Se retrocedermos alguns anos lembrar-nos-emos que os chamados “blocos centrais“ que incluíam os 2 ditos partidos do chamado “arco do poder“ além de não trazerem nada de bom se foram eludindo progressiva e inevitavelmente… ora aqui mais o do “centro direita”, logo o ali por maioria de razão e significado o do “centro esquerda“.
  2. Após o Tetcharismo na Europa e na linha do neo-liberalismo tão bem assumida por Tony Blair tudo se resumiria a um “tu cá… tu lá” algo na linha anglo-saxónica a dois excelsiores partidos que disputariam entre si com algumas nuances e mais ou menos aparente turbulência e sempre com a informação (media) ao serviço do mesmo poder sem minimamente sequer beliscando a estrutura social… e assim se viveria eternamente amén!
  3. Aconteceu, porém, que o arquétipo não se identificou nem “colou” em tantas outras “ditas de democracias” a começar pela sempre imprevisível Itália e com provas hoje já claras na própria Alemanha… e os ditos de partidos sociais democratas e/ou ditos socialistas(?) arrastando liberais e democratas cristãos foram-se afundando progressivamente ou moldando e tentando sobreviver com o pseudo-apoio minúsculo do leste europeu quando não recorrendo mesmo à emergência de uma nova direita populista em alguns casos verdadeiramente fascista e neo-nazi.
  4. Entre nós e os nossos vizinhos, países periféricos, separados pelos Pirinéus e também por isso vítimas de situações políticas mais prolongadas e semelhantes, as mudanças são, salvo algumas exceções, mais tardias e daí os 2 partidos centristas prolongarem e terem dividido entre si durante tempo suficientes o chamado “bolo”. O exemplo deveria ser suficiente e levar a pensar que, não fora a lucidez de António Costa, entre nós hoje estaríamos a ver os dois partidos do centro que ano após ano dividiram o “bolo” descaradamente a verem os seus votos caírem a pique e o consequente crescimento significativo das chamadas franjas que naturalmente já por aí despontam.
  5. Creio que António Costa entendeu bem isto e agarrou-se à última bóia ainda a tempo… já porque em não sendo governo muito dificilmente teria créditos levados a sério de oposição significativamente distintos com os antecedentes conhecidos (que diferenças do PSD?). Quanto ao PSD na continuação da política de Passos Coelho o futuro só poderia passar por um exarceber das contradições internas com uma maior abertura a extrema direita na linha de um neoliberalismo sem qualquer crédito.
  6. Quer queiram quer não queiram, os nossos inteligentes habituais comentadores políticos, ou como preferem “opinion-makers” que ainda sonham e se desdobram em esperançosas teorias do retorno a esse prolongado período de águas chilras em que navegavam a bel prazer, ora com um pé aqui e outro ali, esse tal de arco do poder está a chegar ao fim, felizmente para o país e para as nossas gentes.
  7. Resta-lhes a maioria absoluta do PS e depois logo se verá forma de voltar a relançar o PSD. Triste país este se voltar a cair nas mãos de todos estes energúmenos e respectivas excrescências familiares e quejandos que Cavaco e não só, convenhamos, tão bem facultou de par e a que tão facilmente deram asas (duas!) para tão alto voarem.
  8. Estou em crer que António Costa é suficientemente sagaz e político, no bom sentido do termo, para perceber tudo isto.
  9. A“experiência“ da designada propositada e depreciativa “geringonça“ que não por acaso a nossa “imparcial” comunicação social adoptou de braços abertos, foi num país como o nosso e nos tempos que vivemos algo que nos permitiu “levantar a cabeça… como se diz futebolisticamente e passe a brincadeira” e só por isso creio ter sido importantíssima. Parem um pouco e imaginem o que teria sido se P. Coelho tivesse continuado a governar com aquela Senhora Albuquerque dos fundos abutres e a doutorada Cristas em direito a confundir os tomates com cebolas…
  10. A reflexão já vai longa e talvez cansativa para quem tem a paciência de me ler… mesmo não concordando.
  11. Concluindo, entendo que não será bom para o país uma maioria absoluta, embora perceba que o PS faz o seu natural papel na campanha e espero que a grande maioria dos meus amigos do PS concordem comigo na necessidade de uma nova geringonça necessariamente com outro nome com o BE e o PCP e nunca com mínimos retrocessos para blocos centrais.
  12. Concordem ou não, creio valer a pena refletir um pouco mais sobre isto antes de votar.

Eurico D. Gomes

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