Os infaliveis do pensamento escrito…

onde, cada vez mais, vale tudo

Não tínhamos dúvidas, que sempre que se aproxima Abril, mesmo aqueles que o empurram para Março, assaltam a nossa já magoada serenidade, com uma mão cheia de escritos e fotografias, direi mais de milhões de páginas, onde se repetem as fotografias, algumas até com a matrícula das viaturas, outras com militares com fardas cinzentas, quando elas regressaram ao espólio do exército para serem abatidas, em Dezembro de 1965. E se me é permitido lembro, que todos os militares que foram incorporados em Janeiro de 1966, e não se constituíam como o EXÉRCITO DO SAMBA, que agora querem criar apressadamente, para que outros buracos miseráveis e de incompetência sejam tapados.

Faço um parenteses, e, outra vez, se me se me é permitido, para lembrar que ainda em 1966, Janeiro, alguns aspirantes saídos da Academia Militar, ainda se apresentavam de farda cinzenta, sobretudo na instrução… Mas ainda faltavam oito anos para a o 25 de Abril de 1974.

Mas nesta impiedosa escrita vale tudo, inclusive a publicação de livros, apresentados com toda a pompa e circunstância, que nada têm a ver com a data, mesmo quando as capas dos livros se referem a 50 anos de Abril, e inclusive, o seu conteúdo, uma outra crónica, não refere a verdade dos factos. Trata-se de uma opinião, Mas quando uma opinião carrega aos ombros a morte, ela tem de ser clara, precisa…para que não sejamos mais cruéis que os acontecimentos.

Mesmo com a inteligência artificial e outros abutres que nos sobrevoam, neste miserável «ninho de cucos», onde nos escondemos, a par de OS INFALIVEIS DO PENSAMENTO ESCRITO… ONDE CADA VEZ MAIS VALE TUDO, emergem editoras, que já nem se importam, o que vale é vender papel, isto é, mais um ou outro eucalipto a menos e ainda bem, pois o que importa é fazer mover a rotativa. E é neste ciclo de atrevimento. Repugnante atrevimento, de onde também se alimentam e emergem, gatos escaldados com rabo de fora, que são os chamados sopros populares, de onde se poderá alimentar o eclipse da própria democracia. Não tínhamos dúvidas, que o sectarismo, que impera na voz amarga, doentia e odiosa de alguns comentadores/as. E a quem serve isso: Aos jornais? Às televisões? Às rádios? Ao feitiço das novas tecnologias?). Também! mas pela forma desse desumano compressor, são a grande ignição para a aceleração descontrolada de um populismo incendiário…

E ainda aconchegado ao tema, recuamos até ao Expresso, publicado a 15 de Março de 2024, quem em:

QUANDO FORÇAR A MÃO, como escreve o credível e respeitável Ricardo Costa, na coluna da esquerda da ultima página: «Na minha opinião, os maiores riscos do Governo não estarão nos momentos solenes do ano parlamentar. Basta pensar nalgumas das maiores crises dos últimos dois ciclos governamentais – entre 2011 e 2015, aumento de impostos, TSU, demissão de Vítor Gaspar e crise de Paulo Portas, caso judicial de Miguel Macedo; depois disso, resolução do Banif, vendo do Novo Banco, familygate, ajudas à TAP, Alexandra Reis e João Galamba, vários casos judiciais, braços de ferro com professores, médicos ou policias, etc. – para se perceber de onde sopram as crises “populares”.

O eleitorado não perde tempo com Orçamentos, que quer aprovados. Exalta-se com temas emocionais. A cólera fácil sopra de escândalos, de suspeitas, de iniquidades, de nepotismo, de um crime com emigrantes. É um sopor infinito. Será sempre num momento desses que o Chega forçará a mão».

Pois é Ricardo Costa, mas o Chega também forçará a mão, perante o forçado desassossego que emerge de comentadores/as mal preparados, ou simplesmente preparados para o seu ego ou pela sua sectária Cartilha partidária, vem de onde vier, em que em nada ajuda a Democracia, e são fortíssimas alavancas que ajudarão o Chega a forçar a mão… Aliás, a guerra do IRS ainda com as tropas no «Quartel», é o picado voou dos anjos sem asas, que só dão asas ao Chega…

Esta é a encruzilhada em que vivemos, onde cada um diz o que lhe vai na cabeça, como CARTILHEIROS DOS SEUS e de outros INTERESSES, sem perceberem que o mundo está descontrolado

Com a idade avançada que vamos tendo, mesmo sabendo que nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, vamos comer gato por lebre, aliás, como já se verifica nalgumas publicações, mas também na falta de rigor e obediência a princípios que merecem o respeito das aldeias, das Vilas e das Cidades, sobretudo os burgos mais pequenos, transformados em bairros para pobres, que viveram com todas as limitações e sacrifícios e as alegrias que esse dia distante lhes o dia trouxe, isto ao nível de creches, escolas, balneários públicos, escolas, nível de Cresces, Escolas, Balneários Públicos, meio metro de barro para jogar futebol e as constante prática desportiva, ou do cidadão anónimo, dizem que era comunista, que a escopo e martelo, destruiu a palavra Salazar, com as mesmas ganas, como se estivesse a matar outra vez o Ditador.

Mas o 25 de Abril em Loulé, há 50 anos, e é uma tristeza que já ninguém se lembre, também foi a voz de Filipe Madeira a sair clara e pragmática, de uma das varandas do Município Louletano. Mas 50 anos depois já nada disso conta e deste modo, se vai enterrando o verdadeiro 25 de Abril de cada terra e do seu povo. O que conta, um pouco por todo o País e por aqui também, são estórias que histórias, que nem a minha geração se recorda… É a vida… que MATA A VERDADEIRA LIBERDADE… Breve subirei a este «palco» para lembrar João Barros Madeira, João Simões, Bruno Coelho e outros nomes que foram o farol que iluminou os novos dias dos Louletanos…

Breve fará 50 anos, que em Loulé, voltaram a matar Salazar. Desta vez a escopo e a martelo, quando decapitaram o nome do Ditador, numa frase HISTÓRICA, em homenagem a Duarte Pacheco. Apagar a memória é aumentar a cegueira…

Salazar derrubado em Loulé, a escopo e a martelo, autor da fraze, em homenagem a Duarte Pacheco: «uma vida velozmente vivida e inteiramente consagrada ao progresso pátrio»
Ainda o 25 de Abril de 1974 parecia uma pista de carrinhos de choque, com cada um a conduzir à sua maneira e desta forma os governos a tombarem como baralhos de cartas, quando erguidos pela vontade de acabarem com tudo o que pudesse manter o ranho no nariz sobre o Estado Novo, já a madrugada louletana se iluminava de luz.

Por essa altura, um, dois, três filhos da terra ou não, seguramente defensores acérrimos da democracia que se começava a implantar, e tal como nós ansiosos pelo fim do Estado Novo, mas armados de escopo e martelo, correram para o Monumento Duarte Pacheco, grande farol de homenagem a um enormíssimo louletano, e arrancaram o nome de Salazar, deixando escrita apenas a frase do seu autor: «uma vida velozmente vivida e inteiramente consagrada ao progresso pátrio».

Parece uma estranha contradição, porque amamos a frase: «uma vida velozmente vivida e inteiramente consagrada ao progresso pátrio», que rescreve o grande louletano Duarte Pacheco e é simbolizadora de toda a sua obra, diga-se uma frase de grande assertividade, mas não gostamos (não gostaram) do nome de quem a escreveu. Ou para melhor, quiseram apagar a história…

O tempo passou também tão velozmente, que entre 1953 (faz este ano, 71 anos) e 1974 (22 anos), dia em que «derrubaram» Salazar, que hoje as novas gerações nem sabem que escreveu tão brilhante frase. Acreditamos inclusive, que nem na Escola Duarte Pacheco, que existe por exemplo em Loulé, em homenagem ao grande estadista, raro se fale do Engenheiro, autor das mais notáveis obras do País, do Estado Novo, saberão quem foi Duarte Pacheco e muito menos o autor da frase: «uma vida velozmente vivida e inteiramente consagrada ao progresso pátrio». Querem ver que a frase é de algum dos Filipes, que dominaram Portugal.

Regressemos à memória do tempo, para darmos conta, que ontem, quarta-feira, dia 16 de Novembro, fez 69 anos que foi inaugurado em Loulé o Monumento Duarte Pacheco, que fica ao fundo da então Avenida Marechal Carmona, hoje denominada como Avenida 25 de Abril.

Talvez para fugirmos um pouco ao que muitas vezes se faz emergir sobre a efeméride, trazemos à tona do tempo que passa o que foi publicado a 16 de Novembro de 1953, nas páginas do saudoso jornal Mundo Desportivo. Saudoso também para nós, porque foi nele, ali no Marquês de Pombal, em Lisboa, que estagiámos, que nesse dia chamava à capa e à página 7, o seguinte artigo:

“Na vila de Loulé, garrida e progressiva, enquadrada na alegre paisagem algarvia, inaugura-se hoje um monumento que ficará a perpetuar a memória do seu filho dilecto que foi o eng. Duarte Pacheco, o homem de excepcional envergadura a quem Salazar confiou, no domínio das obras públicas, a tarefa de renovação tão exuberantemente patenteada em todo o País.

Interpretando fielmente as directivas do Chefe, Duarte Pacheco devotou-se inteiramente a uma séria de trabalhos em que punha o cunho da sua energia, do seu saber, do seu fulgor, do irrequietismo que não lhe permitia um momento de descanso.

Duarte Pacheco era o tipo completo de homem de acção. Queria acompanhar de perto cada obra que empreendia, para verificar a tempo se ela correspondia aquilo que o seu espírito havia arquitectado. E então corria no seu automóvel, para galgar rapidamente os quilómetros e assim ganhar preciosos minutos.

…Até que, num desastre brutal, a morte o ceifou implacavelmente. Duarte Pacheco tombou no seu posto, nesse posto de combate pelos benefícios da nossa terra. Al fazer o elogio de Duarte Pacheco, disse Salazar na Assembleia Nacional: «uma vida velozmente vivida e inteiramente consagrada ao progresso pátrio».

Por esta frase, tão profunda na sua singeleza, ficará gravada no grandioso monumento que hoje se inaugura em Loulé, no decurso de uma cerimónia em que estarão representadas todas as Câmaras Municipais do País.

Duarte Pacheco deixou também o seu nome ligado ao Desporto Nacional. Quando, em resposta aos votos do Congresso dos Clubes Desportivos, organizado por «Os Sports e patrocinado pelo «Diário de Notícias», Salazar prometeu a construção do Estádio Nacional, logo ficou garantida a edificação de uma obra à qual Duarte Pacheco daria a expressão de beleza que tanto nos encanta e desvanece e que provoca exclamações de admiração aos estrangeiros que nos visitam.

Como tudo muda. 50 anos depois, são os pobres que pagam as crises. Era o tempo das frases de embalar. Só nós é que acreditávamos…

Morreu o Homem! Mas ficou a Obra, perante a qual todos nos inclinamos, rendidos e agradecidos. Eis porque desejamos, embora em descoloridas palavras, associar-nos à homenagem que se presta em Loulé àquele que fica na História a par dos portugueses que, por suas virtudes, méritos e realizações, muito honraram a Nação.”

Portanto, a escopo e a martelo arrancaram o nome do autor da frase: Salazar.

Não precisamos de ser nem generosos, nem rancorosos para com a história e os seus valores, antes teremos que ser apenas inteligentes, porque apagar a história é tornar ignorante as novas gerações. […]”

Quase que me pergunto:

E agora?

Agora! Já nem a memória autêntica de Abril. De Abril, de há 50 anos, será herói da sua própria HISTÓRIA, porque estão a fantasiar os acontecimentos, a inventar outros, sem perceberem que sem memória – e MEMÓRIA, QUER DIZER, VERDADE – não se faz a história. Não! Ainda não morremos todos, pois ainda andam por aqui uns quantos. E breve, sem rede, nem medos, voltarei ao assunto…

1 Esta crónica foi publicada no JA a 19 de Novembro de 2022.

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