Parceiros da UE “já alcançaram acordo” para apresentar à Turquia

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Citado pela BBC, o primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel, foi o primeiro a garantir que um acordo foi alcançado entre os 28 estados-membros da UE na noite de quinta-feira para se apresentarem unidos nas reuniões de sexta-feira entre o seu representante, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o governo da Turquia, de onde parte a maioria dos refugiados que chegam à Europa.

Essa versão foi, segundo o “Kathemerini”, oficialmente corroborada por François Hollande, que terá confirmado que a UE já alcançou uma proposta de acordo para convencer os turcos a aceitarem de volta os refugiados que chegam à Grécia vindos do seu território. “Os 28 chegaram a um acordo”, disse o Presidente de França em Bruxelas, citado pelo jornal grego. “Foi alcançado já a noite [de quinta-feira] ia longa, mas foi alcançado.”

Depois de horas de negociações noite dentro, um “processo difícil” nas palavras do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, os parceiros terão conseguido, segundo os dois jornais, negociar os termos do acordo e o que será oferecido à Turquia em troca de o aspirante a estado-membro da UE receber de volta todos os requerentes de asilo e migrantes que chegam à Grécia pelo mar Egeu.

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Estas informações contradizem uma notícia do “The Guardian”, que esta manhã dá conta de que o Chipre ainda não permitiu que um acordo fosse fechado. Segundo o jornal britânico, o Presidente de Chipre, Nicos Anastasiades, diz que não aceita a reabertura das negociações de adesão da Turquia à UE enquanto Ancara não aceitar abrir os seus portos e aeroportos para deixar entrar bens cipriotas.

“Se a Turquia cumprisse as suas obrigações sob o protocolo de Ancara e o enquadramento atual das negociações, não haveria problema”, disse o líder cipriota. “Mas sem isso não podemos fazer nada.” À saída da reunião tardia entre os 28 parceiros europeus, Angela Merkel declarou que as negociações desta sexta-feira com a Turquia “não vão ser nada fáceis”.

De acordo com fontes em Bruxelas, o acordo que está a ser negociado passa por facilitar a atribuição de vistos aos turcos e por reforçar a ajuda financeira ao país para que seja ele a albergar as centenas de milhares de pessoas que fogem de guerras e repressão no Médio Oriente e África — num esforço da UE para encerrar a rota dos Balcãs e parar de acolher mais pessoas, depois de em 2015 mais de um milhão ter entrado em território europeu. De acordo com dados da ONU, mais de 132 mil refugiados já chegaram à Europa desde o início deste ano.

Cameron apresenta plano “escandaloso”

Na quinta-feira, durante a cimeria europeia para alcançar o acordo que será agora apresentado à Turquia, David Cameron pressionou os parceiros para que “mantenham os olhos na bola” e apostem numa “estratégia de intervenção precoce” que passa por reforçar as patrulhas no mar Mediterrâneo a fim de obrigar os barcos que transportam requerentes de asilo e migrantes a regressarem à Líbia.

O primeiro-ministro britânico tentou convencer os líderes europeus a adotarem uma estratégia semelhante à controversa postura do governo australiano de recusar a entrada nas suas águas marítimas de barcos que transportam refugiados, defendendo que é essencial “destruir o negócio dos traficantes” e enviar os barcos de volta para um Líbia em ruínas.

Cameron defende que as missões de patrulha e resgate do Mediterrâneo têm de ser alargadas para se trabalhar em parceria com a guarda costeira líbia. Fonte do seu governo diz ao “The Guardian” que o líder britânico quer devolver migrantes não só a Itália, por onde parte destas pessoas entra em território europeu, mas também ao país mergulhado no caos desde a famigerada Primavera Árabe.

O jornal britânico a quem a fonte falou sob anonimato refere que as intenções do governante foram acolhidas com cepticismo por alguns parceiros europeus, pelo facto de o novo governo líbio em funções estar baseado na Tunísia e por preocupações relacionadas com direitos humanos. Vários analistas classificam a proposta de Cameron como “escandalosa” e questionam a legalidade internacional de enviar pessoas vulneráveis para um país onde o autoproclamado Estado Islâmico (Daesh), do qual a maioria destas pessoas foge, já está também instalado.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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