Por que não abrem os estabelecimentos escolares em Portugal?

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O governo anunciou a possibilidade de, a partir de maio, algumas medidas de confinamento social começarem a ser levantadas.


Os estabelecimentos escolares (creches e jardins de infância) são uma parte da sociedade fundamental para que os pais possam voltar a trabalhar nos seus locais de trabalho e não em teletrabalho, a partir de casa.


A idade das crianças e jovens deram-nos, até agora, a indicação de que estes grupos são de menor risco de morte (exceto quando têm problemas de saúde associados, claro) e que são importantes para a imunização coletiva.


É claro que, mesmo com todas as medidas de segurança e proteção, há estabelecimentos em que a idade precoce das crianças deveria impedir a sua reabertura. Os bebés e crianças até aos 5/6 anos não percebem a razão de não tocar no colega nem de os adultos da sala (educadores de infância e auxiliares de ação educativa) não lhes pegarem ao colo.


Mas os jovens do 2o CEB (idades de 10/11 anos) até ao secundário (até 18 anos) percebem os perigos e, em consciência e responsabilidade, compreendem as medidas de proteção e segurança que devem ser ainda impostas aquando do levantamento de algumas medidas de confinamento social.


Então, por que não abrem os estabelecimentos escolares em Portugal?


Durante anos, os sucessivos governos desconsideraram a idade dos Educadores e Professores, bem como dos demais profissionais nas escolas (assistentes operacionais, assistentes administrativos, psicólogos, entre outros).


Independentemente das questões do relacionamento entre docentes, cada vez mais velhos, e alunos (o fosso geracional é cada vez maior com consequências negativas para os dois lados), a idade dos docentes é uma das principais razões da não abertura das escolas.


A maioria dos docentes tem mais de 55 anos de idade, e uma parte significativa mais de 60 anos e alguns mais de 65 anos, ou seja, pertencem aos chamados grupos de risco.


As opções políticas na área da educação (como também se percebe na área da saúde) tomadas durante anos levam, neste momento de crise económica, à perceção de que não foram as melhores opções.


Se o governo quiser abrir as escolas vai ter de fazer um investimento rápido e financeiramente elevado para dar resposta às medidas de proteção e segurança exigidas neste contexto de pandemia. Terá de contratar metade ou mais de metade do corpo docente.


É lamentável que uma pandemia venha pôr a “nu” o que durante anos os docentes denunciaram.


Esperemos que esta pandemia sirva, também, para reflexão e para outras opções políticas futuras.
Fiquem bem.

Ana Simões

Dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Sul

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