Dez euros a menos em cada garrafa de gás, por causa do imposto sobre os combustíveis, levam cada vez mais portugueses a passar a fronteira do Algarve em direção a Espanha, a Ayamonte. Em seguida, aproveitam para fazer compras mas aí já é preciso ter mais atenção.
Para Lúcia Silva, que vive em Quarteira, fazer perto de 140 quilómetros ida e volta para abastecer o automóvel de gasolina sem chumbo 95 em Espanha é mais do que uma questão de dinheiro: é uma questão de princípio.
“É a minha reação contra esta forma cega do nosso Estado de cobrar impostos. Eu acho que pensam nos impostos de uma forma muito vertical, sem pensar nos postos de trabalho que se perdem junto à fronteira, nos milhares de litros que ficam por vender. Isso custa-me”, afirma ao Expresso.
A ver os carros passar
Que o diga Lino Santos, funcionário há 45 anos numa bomba de gasolina em Vila Real de Santo António, que de há uns anos a esta parte se entretém a ver os carros passar. “Ainda no outro dia fui lá a Espanha e estava a bomba de gasolina cheia de carros portugueses. É claro, pois se a gasolina está 27 cêntimos mais barata!”, afirma.
“Na gasolina, já só quem usa cartões de pontos ou de frota é que abastece em Portugal, na maioria veículos de empresas públicas, conforme constatou a reportagem do Expresso. E quando se fala de gás, o cenário é ainda pior. “Há dias que se vende 3 ou 4, outros dias que se vende uma, conforme”, resigna-se Lino Santos. Na bomba, revendedora da Galp, imperam os letreiros a avisar das baixas de preço: “Descontos toda a semana. Dezoito cêntimos por litro”.
” Nem assim se convencem os automobilistas portugueses, conquistados pelos preços de nuestros hermanos. O inverso também é verdadeiro, agora há também cada vez mais espanhóis à procura de preços em conta e encontram-nos sobretudo nos supermercados portugueses, nos produtos de marca branca (leia mais na edição impressa deste sábado, no caderno de Economia).
