Professor da UAlg é um dos especialistas que redigiram apelo à COP26

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O apelo científico de 95 especialistas em ciências marinhas, entregue esta semana na COP26, visa alertar os chefes de estado e de governo sobre as alarmantes conclusões provenientes do Sexto Relatório de Avaliação do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), nomeadamente refletindo sobre o impacto que a alteração climática antropogénica está a ter sobre a saúde do oceano e as comunidades que dele dependem.

No documento os especialistas reconhecem a importância do oceano para a regulação do clima e para a economia mundial, e salientam a sua capacidade para oferecer soluções para a mitigação e adaptação às alterações climáticas.

Destacando o seu valor estratégico, neste documento são enunciadas várias estratégias que os governos atuais podem tomar para conservar o o ceano e para valorizar o seu papel no combate às alterações climáticas. Tratam-se de estratégias focadas no oceano, como assegurar a sua gestão sustentável, cumprir as metas de proteção do oceano e reconhecer a contribuição dos ecossistemas marinhos e costeiros para o balanço de carbono. No documento pode ler-se ainda, em tom de alerta, que “Se queremos combater as alterações climáticas, estas estratégias têm de deixar de constar em relatórios e passar a ser implementadas já”.

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Em paralelo à entrega deste Apelo Científico, foi ainda lançado o “Leaders Statement”, um documento da responsabilidade dos chefes de estado e de governo que constituem o Grupo de Especialistas do Painel do Oceano.

Os pontos de destaque deste Apelo Científico podem ser lidos a baixo:

Apelo Científico para Ações baseadas no Oceano para Combater a Crise Climática

Somos especialistas em disciplinas relacionadas com o oceano de todas as regiões e bacias oceânicas do mundo, reunidos sob os auspícios do ‘Painel de Alto Nível para uma Economia do Oceano Sustentável’.

Estamos profundamente alarmados com as conclusões do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC e com o impacto que a alteração climática antropogénica está a ter sobre a saúde do nosso oceano e as comunidades que dele dependem.

Uma ação urgente é necessária para salvaguardar o papel crítico do oceano na regulação do clima da Terra, alimentando biliões de pessoas e impulsionando a economia mundial. Durante demasiado tempo, o oceano foi considerado vítima das alterações climáticas. Essa visão ignora a existência de uma série de soluções baseadas no oceano – tanto naturais quanto tecnológicas – que são sustentadas pela ciência e capazes de apoiar os esforços globais de mitigação e adaptação.

À medida que a compreensão científica sobre o oceano aumentou, o seu papel central para melhorar a saúde, riqueza e bem-estar das pessoas tornou-se mais claro. A Década das Nações Unidas da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável pode ser um catalisador para identificar e atender às necessidades mais urgentes de conhecimento do oceano para desbloquear ainda mais inovação e oportunidades para responder à crise climática.

A crise climática é demasiado urgente para continuar a desconsiderar as medidas e inovações encontradas no oceano e na economia azul. Devemos utilizar cada parte da nossa economia para enfrentar as alterações climáticas.

Apelamos a todas as Partes da “United Nations Framework Convention on Climate Change” que:
– Incorporem medidas baseadas no oceano nas estratégias, planos e políticas de mitigação e adaptação, levando em consideração a melhor ciência disponível e garantindo a sustentabilidade.
– Contabilizem todas as fontes e sumidouros oceânicos nos inventários nacionais de acordo com a orientação do IPCC, incluindo o Suplemento de Zonas Húmidas de 2013 do IPCC.
– Comprometam-se a gerir de forma sustentável 100% da área oceânica sob jurisdição nacional e proteger 30% do oceano até 2030 para construir a resiliência do nosso oceano e das comunidades que dele dependem e ainda aproveitar as oportunidades de mitigação baseadas no oceano.
– Aumentem o investimento na capacidade da ciência do oceano para preencher lacunas de dados e digitalizar informação sobre fontes e sumidouros oceânicos, incluindo ecossistemas costeiros e marinhos como os mangais, ervas marinhas, recifes de coral, sapais e algas marinhas.

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