PROVE promove agricultura algarvia com cabazes frescos

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Algarve com número crescente de núcleos de agricultores

Norberto Coelho foi um dos primeiros agricultores a apostar na agricultura biológica no Algarve


O projeto começou em 2010 e desde então já conseguiu reunir perto de uma dezena de agricultores de agricultura biológica e agricultura tradicional que estão a começar a trabalhar com uma nova lógica que se está a provar rentável para o produtor e para o consumidor. A esta equação soma-se ainda uma relação direta entre o agricultor e o consumidor e a promoção do consumo dos produtos agrícolas algarvios

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Desde 2010 que a associação In Loco está a dinamizar e a organizar núcleos em vários pontos do Algarve que passam a funcionar na lógica do projeto PROVE. Um projeto nacional que no Algarve conta atualmente com um grupo de dez agricultores, quatro dos quais em regime exclusivo de cabazes 100 por cento biológicos. Os agricultores estão por agora distribuídos em quatro núcleos, mas a técnica da In Loco, Ana Arsénio explicou ao JA que estão a surgir cada vez mais pedidos de informação tanto de consumidores como de agricultores.
A iniciativa foi apresentada à população da Tôr, no interior do concelho de Loulé, com o intuito de divulgar esta nova forma de relacionamento entre produtor e consumidor e até incentivar outros agricultores a aderirem ao projeto.
“O projeto PROVE – Promover e Vender tem como objetivo reunir um grupo de pequenos produtores para melhorar o escoamento das suas produções”, refere a associação no folheto informativo que está a divulgar. O projeto visa ainda sensibilizar os consumidores para as vantagens de consumir produtos frescos, oriundos de hortas próximas da sua área de residência.
A InLoco assumiu-se desde a primeira hora como associação promotora e que acompanha a criação e consolidação dos núcleos de produtores mas tem sempre como objetivo deixar que a relação entre os produtores e os consumidores seja o mais direta e autónoma possível.

As vantagens

Tudo começa quando o consumidor apresenta uma encomenda para um cabaz de produtos que podem ir desde os legumes para as sopas aos legumes de acompanhamento, para saladas, frutas e plantas aromáticas. Cada cabaz tem um preço aproximado de 8 a 9 quilos e tem um custo de 15 euros. Os pedidos podem ser semanais ou até quinzenais conforme as quantidades que o consumidor achar convenientes e são entregues em dia marcado em local fixo.
Na apresentação realizada na Tôr, a InLoco contou com a presença de um agricultor daquela freguesia que já trabalha com o sistema PROVE. Noberto Coelho já trabalha com agricultura biológica certificada há quase duas décadas e explicou ao JA as vantagens deste projeto.
“É mais rentável porque sabemos o que vamos colher. Se temos 20 cabazes apanhamos, por exemplo, 20 alfaces, enquanto nos mercados é mais subjetivo e podemos apanhar 20 alfaces e vender dez ou apanhar 30 e faltarem alfaces. Por isso, este sistema é melhor”, explicou ao JA.
Mas este sistema também tem vantagens para os consumidores que passam a poder visitar as explorações agrícolas e contactar diretamente com os responsáveis pelos vegetais que consomem. “As pessoas que experimentam começam a conhecer a qualidade e o peso do cabaz e percebem que realmente compensa porque fica à volta de um euro por cada quilo de produto”, explica Ana Arsénio.
Norberto Coelho diz ter tido clientes que lhe vêm perguntar por exemplo porque é que a beterraba biológica tem outro sabor ou então clientes que pedem para visitar a exploração. “Na outra semana tive uma visita de uma creche de Vilamoura. Passaram o dia na exploração e agora vou lá ajudar a construir uma pequena horta pedagógica”, explicou.
No final da apresentação do projeto surgiram perguntas de agricultores que viram neste projeto o potencial para escoar o excesso de produtos das suas horas. Contudo, há uma ressalva a fazer: todos os agricultores que aderem ao projeto têm de ter atividade aberta registada nos Serviços de Finanças. No caso dos produtores biológicos têm de ter o licenciamento e certificações devidas, os outros produtores devidamente registados podem juntar-se aos núcleos que vendem os cabazes da época com produtos de agricultura tradicional.
Presente na apresentação, o presidente da Junta de Freguesia da Tôr, Carlos Grade, diz que a Junta está disponível para ajudar os agricultores e considera que o projeto PROVE tem futuro promissor. “Já por duas vezes fizemos a feira dos produtos biológicos para dar um certo apoio e estamos convencidos que isto é o futuro. É pena só termos um produtor a trabalhar desta forma nesta freguesia que já teve muita agricultura convencional”, comentou ao JA. Contudo, Carlos Grade não se deixa levar por utopias e ainda que admita que seria interessante ter mais agricultores na freguesia diz que já se contentava se tivesse mais um ou dois na área dos produtos biológicos. Na base do seu ceticismo está a experiência como explicou: “Não vejo jovens com vontade de agarrar a agricultura e é preciso ter terrenos de uma certa dimensão. Além disso ainda há os problemas da certificação”.

SCS/JA
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