PS à procura do caminho

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Os primeiros oradores em Braga pediram um partido diferente, que aprenda com os erros mas não renegue o passado. A caminhada, estima Ferro Rodrigues, “é muito longa”.

A intervenção mais significativa foi a de Francisco Assis . O candidato derrotado à liderança do PS empenhou-se em garantir que não se constituirá como líder de facção (apesar de ir apresentar a sua própria lista à Comissão Nacional), assegurando estar “completamente encerrado” o processo interno que o opôs a António José Seguro : “Os portugueses não estão à espera que os socialistas se andem a atacar uns aos outros”. Foi aplaudido de pé.

Assis falava na apresentação da sua moção, começando por dirigir críticas ao Presidente da República, a quem acusou de “uma cooperação ativa e até íntima” com o atual Governo, “contrastante”, no seu entender, com a atitude prosseguida por Cavaco Silva na fase final do Governo socialista de José Sócrates.

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O ex-líder parlamentar pediu depois que o PS nunca adira ao “relato dos seis anos da governação socialista” que é feito pela direita: “O legado destes seis anos não é o do défice e o da dívida”, afirmou, dizendo que esta é uma luta “não da memória contra o esquecimento, como dizia Milan Kundera, mas da memória contra a mentira”.

Assis quer um PS que olhe “para além da crise”, relance o debate político “apesar da troika”, e faça do PS um partido com “propostas sérias e credíveis”, “imaginativo e de progresso”, “capaz de anunciar novas causas”, mas que “recuse resignar-se a um país pobre, aceitar um país de desiguais”.

Ferro ataca PCP e BE

Numa intervenção muito sucinta, cumprindo escrupulosamente os 3 minutos atribuídos a cada tribuno, Ferro Rodrigues desferiu um duro ataque aos partidos à esquerda do PS: “o PCP e BE têm responsabilidades diretas, brutais e decisivas na eleição deste Governo de direita”, disse , advertindo para o risco de o PS se deixar ficar “ensanduichado” entre esta esquerda e o Governo de direita que persiste na “mistificação” de que a responsabilidade desta crise económica e financeira é sobretudo do Governo de Sócrates.

O antigo secretário-geral do PS revelou ainda uma “grande preocupação com a situação europeia”, com a hegemonia de um diretório com a Alemanha à frente que quer levar a cabo um processo de “purificação da zona euro”. Portugal precisa, afirmou, de “um Governo que saiba defender Portugal na Europa e não que rasteje perante a senhora Merkel”.

A caminhada que espera o novo secretário-geral socialista, concluiu, será “muito longa”. Sublinhando o facto de o PS estar “unido como se calhar há muito tempo não estava”, mostrou-se disponível para o combate: “Pode contar comigo como sempre”, concluiu.

César com “boa esperança”

Carlos César, presidente do PS/Açores, também assestou baterias sobre um Governo que está a seguir por “um mau caminho”, antes de pedir que o PS “não gaste energias a dizer que este Governo não é bom” mas antes se empenhe em demonstrar aos portugueses que uma vez de novo no Governo “será diferente e melhor”.”É com essa boa esperança que vejo hoje o PS”, afiançou.

César, que já no último congresso tinha alertado para a necessidade de os socialistas fazerem alguma autocrítica, assumiu que “faltou algumas vezes ao PS a humildade de reconhecermos erros”, mas recusou que esses erros “obscureçam as nossas virtudes: nunca nenhum outro partido fez tanto e tão bem pelo país”.

Face a um Governo que “pede a mais a quem não deve, não pede a quem pode e dá a quem não precisa de mais”, o líder açoriano sublinhou a necessidade de o PS encontrar “outras soluções”: “é esse o caminho exigente que o PS deve trabalhar”, apontou.

JA/Rede Expresso
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