PS francês em guerra antes da remodelação governamental

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François Hollande almoça hoje com o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, que tudo indica vai ser demitido pelo Presidente francês

Depois de no domingo ter visto o seu partido perder 155 cidades de mais de nove mil habitantes, o Presidente socialista francês tem encontro marcado esta manhã com o popular ministro do Interior, Manuel Vals, que visa o cargo de primeiro-ministro. Logo a seguir, François Hollande almoça com o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, que ainda não desistiu de lutar pela sua permanência na chefia do Governo.

Começam deste modo as grandes manobras e negociações entre socialistas para a inevitável remodelação governamental em França. Acusado por muitos de ser o responsável pelo descalabro eleitoral (o PS apenas salvou a face com as vitórias em Paris e Estrasburgo), François Hollande dirige as negociações sob forte pressão. As suas hostes dividem-se e alguns, mais à esquerda, exigem mudanças profundas nas orientações políticas do futuro Governo.

Sinal da tensão entre socialistas, o pequeno-almoço que estava marcado para esta manhã entre Manuel Vals e Jean-Marc Ayrault foi anulado à última hora.

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Dois franco-espanhóis

Além de Vals, nome que não reúne apoios nem na ala esquerda do PS nem nos seus aliados ecologistas, fala-se em Paris em mais três nomes para a chefia do novo Governo – Laurent Fabius, atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Bertrand Delanoë, até agora presidente da Câmara de Paris, e Claude Bartolone, presidente da Assembleia Nacional.

Como curiosidade, assinale-se que se Manuel Vals for nomeado a França passará a ter dois franceses com dupla nacionalidade franco-espanhola em postos chave do poder. Com efeito, Vals nasceu em Espanha, tal como Anne Hidalgo, a nova presidente da Câmara de Paris.

Os socialistas mais à esquerda, bem como os ecologistas, pedem um executivo mais pequeno e uma viragem à esquerda. Tal como muitos eleitores, todos criticam Hollande por ter posto na gaveta o programa com que ganhou as presidenciais, em 2012. Acusam-no igualmente de ser um “socialista neoliberal”. No entanto, o Presidente já deu sinais de que não mudará o fundo da sua política e que apenas pensa numa diminuição de impostos para as famílias com rendimentos mais modestos.

Fabius reúne mais consensos

Esta manhã, todos os jornais e comentadores assinalam “o estalo” que o eleitorado deu nas municipais ao Presidente e a Jean-Marc Ayrault. A todos parece claro que Ayrault será o primeiro a pagar a fatura da derrota. Analistas consideram que o nome que reúne mais consenso entre as diversas tendências socialistas para a chefia do Executivo é o do Laurent Fabius, que já foi primeiro-ministro durante o primeiro mandato do falecido Presidente François Miterrand, nos anos 1980.

As eleições foram marcadas por uma “vaga azul”, as cores dominantes da UMP, movimento da direita sarkozysta. Também os ultradireitistas da Frente Nacional (FN) são vencedores do escrutínio com a conquista de 14 câmaras, 11 delas com mais de nove mil habitantes. Apesar de não ter conseguido vencer em Perpignan, Forbach e Saint-Gilles, três cidades que eram visadas pela FN, a sua líder Marine le Pen canta hoje vitória e lançou já a campanha para as europeias, em maio, que ela deseja vencer.

“Este Governo, bem como a oposição de direita, são marionetas nas mãos de Bruxelas”, diz a chefe nacionalista.

RE

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