Recordando Fernando Reis

Luísa Travassos
Luísa Travassos
Diretora do Jornal do Algarve Carteira Profissional - 588 A

Mal pensava Fernando Reis que aquele iria realmente ser o ano mais difícil para todos nós! Referindo-se à pandemia, com todos os cuidados que procurou cumprir, não estaria nos seus horizontes vir a ser sua vítima e este o último Editorial que escreveria sobre o aniversário do JA.

Numa altura em que já somos o único semanário que se edita na região, parece-nos perfeitamente atual. Continuamos vivos mas os anos têm sido difíceis. Só não temos pandemia! Falta-nos, sobretudo, o Fernando Reis! Ausente fisicamente, continuamos a reger-nos pelas suas orientações. Nunca será demais recordarmos as suas palavras, as últimas que escreveu em tempo de aniversário.

“O ano mais difícil da nossa história”

Fernando Reis

“Este foi, certamente, o ano mais difícil dos 64 anos de vida do Jornal do Algarve. Fundado em 30 de março de 1957 pelo jornalista José Barão e por um grupo de vila-realenses ligados à escrita e às artes gráficas, o semanário sediado, desde sempre, na cidade pombalina, teve, ao longo da sua história, momentos altos e outros de alguma dificuldade, mas nunca passou por um período tão complicado como este que a pandemia do Covid-19 originou.

Com uma quebra significativa nas receitas da publicidade, tem sido a fidelidade dos leitores e assinantes e o apoio da generalidade das autarquias da Região e de algumas empresas, que nos têm ajudado a manter vivo um projeto jornalístico que nasceu não apenas com o objetivo de informar com verdade e seriedade, mas também de contribuir para o desenvolvimento do Algarve. O que se revela fundamental, num período em que as redes sociais intoxicam a opinião pública com todo o tipo de manipulações e falsidades.

De José Barão herdámos um jornal de dimensão regional – que é uma referência nacional – informativo e pluralista, por onde passaram muitos dos grandes jornalistas e articulistas algarvios, como é o caso, entre outros, de Mário Zambujal que aqui nos deixa também o seu testemunho. Um projeto a que temos procurado dar continuidade, mesmo em circunstâncias particularmente difíceis como as que vivemos agora.

Dos que nos ajudaram a crescer e a fazer do Jornal do Algarve aquilo que é hoje, não podemos deixar de lembrar os saudosos primeiro diretor sob a gerência da Viprensa, José Manuel Pereira, os jornalistas Marcelino Viegas e Domingos Viegas, falecido há dois anos ao serviço do Jornal, que era um elemento fundamental da redação, a nossa querida revisora Maria do Amparo, os repórteres desportivos Vítor Brás e Bernardino Martins e a compositora Irene Salvador. Isto é, uma parte importante da nossa família, que já não está entre nós.

Dos que felizmente continuam connosco, lembramos os que estão ativos e são peças importantes da nossa estrutura, como o João Leal, o Carlos Albino e o Humberto Gomes, que começaram com José Barão, o José Cruz que dirigiu o jornal no período conturbado do pós 25 de Abril, o Fernando Cabrita que concebeu connosco e foi o primeiro diretor do JA MAGAZINE, o Nuno Couto que está em período sabático, o Teodomiro Neto e o Fernando Proença, cronistas de inegável classe e o Neto Gomes, que é não apenas um grande jornalista, mas um amigo, um irmão mais velho, um incondicional da nossa causa, que não regateia esforços para servir o Jornal. Uma referência especial para o nosso consultor editorial e grande amigo, que vive do outro lado do Atlântico, morrendo de saudades do nosso Algarve, Horácio Neves Bacelada.

Para todos os outros, que são muitos, mais antigos e mais recentes, aqui fica o nosso reconhecimento e agradecimento, com a certeza que não é um vírus, por mais violento que seja, que vai impedir que o nosso Jornal cumpra o seu papel de arauto das reivindicações e aspirações do Algarve e dos algarvios e contribua para que se repitam muitas outras conquistas como a “Operação Algarve-Turismo” a construção do Aeroporto de Faro e a criação da Universidade do Algarve.”

Fernando Reis
Março de 2021

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