Regresso aos mercados em 2013 será difícil

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Mesmo que cumpra as metas do memorando, a escala e âmbito da assistência financeira que Portugal recebe não é suficiente, diz Mohamed A. El-Erian, diretor-executivo da PIMCO. E o ambiente económico global continua a gerar volatilidade e aversão ao risco por parte dos investidores internacionais.

A escala e âmbito do programa de resgate a Portugal não é suficiente para garantir o regresso pleno do país ao financiamento de médio e longo prazo no mercado primário da dívida em 2013, afirma, em entrevista ao Expresso, Mohamed A. El-Erian, diretor-executivo da PIMCO, uma das empresas mundiais de gestão de investimentos com maior intervenção no mercado de emissão de dívida. A PIMCO gere 1,9 biliões de dólares (1400 mil milhões de euros) de ativos financeiros. A volatilidade internacional é um dos fatores que introduz incerteza em Portugal e nos restantes “periféricos” com programas de ajustamento.

El-Erian avalia, ainda, os benefícios e os riscos de uma eventual reestruturação de dívida soberana. O ganho de uma reestruturação bem projetada e executada, “poderia, na verdade, acelerar o retorno de consideráveis fluxos de capital privado para Portugal”. “O risco é que a execução [de uma reestruturação de dívida] seja incompleta e/ou feita de tal forma que levante dúvidas sobre o compromisso do país com um Estado de direito e com os direitos de propriedade”, sublinha.

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A nível da zona euro, El-Erian preocupa-se com a “fadiga do ajustamento” e defende a mutualização da dívida soberana – uma partilha de risco da dívida pelos estados membros da zona euro através, por exemplo, das chamadas euro-obrigações (eurobonds, em inglês) – em articulação com “a definição de condições que permitam o crescimento económico e a aceitação [das respostas políticas] pelas democracias dos países membros”.

El-Erian, de 54 anos, é nova-iorquino, mas é também cidadão egípcio e francês. Em 1983 regressou aos Estados Unidos tendo começado a trabalhar no Fundo Monetário Internacional. Foi diretor do Citigroup em Londres e entrou na PIMCO em 1999. Juntamente com o fundador da PIMCO, Bill Gross, é um dos especialistas financeiros internacionais mais influentes.

Jorge Nascimento Rodrigues (Rede Expresso)
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