Remate certeiro: No último sábado foram mais 20 mortes, para «ASAE» nosso, no Algarve andamos descalços em cima de vidros partidos

Normalmente estas notícias aparecem nas televisões, como notas de rodapé: A variante Delta é mais agressiva e contagiosa.

E quem não estiver atento e ler devagar, devagarinho, não consegue apanhar uma informação tão importante, na defesa pessoal de cada um. Sim pessoal, porque ninguém cumpre com o necessário colectivo e até ficámos decepcionados com o Debate da Nação, pois quando se esperava a máxima: Vamos falar claro, as oposições democráticas, não passaram do dia-a-dia, como se não existisse mais país, e o PS, com a defesa em linha, ou com três defesas, nem foi preciso o velho catanacio, voltou a vencer. Além disso, os partidos mais à direita, da direita, limitaram-se ao habitual pontapé para a frente e tudo ao molho na área, na esperança, que o VAR da política, que já estava de férias na Praia dos Tomates, lá descobrisse algum buraco na rede e mandasse repetir o jogo.

O Debate de Nação, Fez lembra aquela máxima do futebol quando joga a Alemanha: Costa contra as oposições, ganha o Costa…

Sim! Foi um Debate da Nação decepcionante e os portugueses mereciam mais, pois os senhores deputados ainda não perceberam, que somos nós quem mensalmente deposita os ordenados nas suas contas.

Ainda por contas, diz o jornal o Expresso, que os portugueses salvam o turismo algarvio. É capaz de ser verdade, desde que deixem em casa, ou na terra deles, o Delta e os seus derivados, pois com amigos destes, não precisamos de inimigos.

Em Vila Nova de Milfontes os jovens atacam pela madrugada

A respeito do respeito que temos que ter uns pelos outros e por todos, agora vão abrir os casinos, os parques aquáticos e outras importantes fontes da economia. Aliás, no que se refere aos parques aquáticos, creio ser uma boa terapia para a malta jovem, desde que não sejam os mesmos jovens que desgraçadamente criaram o pânico e a destruição em Vila Nova de Milfontes, pois se forem os mesmos, vai ser uma inundação incontrolada, e vão partir tudo o que as suas cegueiras encontrarem pela frente.

Sobre Vila Nova de Milfontes, além do protesto desesperado e amedrontado das populações, não me chegou qualquer informação, que desse conta da intervenção das autoridades. E é capaz de ser verdade, pois aqueles meninos ordinários não devem ter família. Nasceram para partir, para amedrontar, para pintarem nos vidros das janelas, na calçada, nos passadiços uma mão cheia de desenhos ordinários.

Não sabemos se impulsionados pelo álcool ou pelo cheiro de qualquer produto, mas num caso ou outro, mais-valia que tivesse batido com a cabeça na parede.

É desse futuro que temos medo, ao qual se junta a soma giratória, portanto mais rápida do que nos vai acontecendo em relação ao Covid 19 e às suas sucessivas variantes, enquanto que no outro lado do mundo, num constante pregar aos peixes, a Organização Mundial de Saúde, continua a longa peregrinação para saber como tudo começou…

Os alertas são constantes, mas quem consegue reencontra-se consigo próprio, pois por todo o mundo, cada voz diz a sua coisa. Diz o que lhes apetece. Não é o que lhes vem à cabeça, pois já nem pensam, criando o pânico e a abusividade. Alimentando populismos e religiões.

Portugal não foge à regra e cada especialista, ideia que já denunciamos por várias vezes, somam disparates, entretêm-se com equívocos, e entre o tira a máscara, põe a máscara, e o chega-te mais para lá, vem mais para cá. E tudo isto para «ASAE» nosso, já ninguém cumpre.

Nas praias é tudo à balda, nem marinha, nem marinheiros, nem barcos de guerra.

Nos supermercados, nem é à vontade, é à vontadinha. Não existe confinamento, alguns nem levam máscaras e já nem limpam os tapetes rolantes e, ainda para «ASAE» nosso os preços sobem em flecha.

E para mais «ASAE» nosso, o Algarve que é reconhecido no mapa de Portugal, com um rodapé bem vermelho, tenta disfarçar a ilusão de que está tudo bem, ainda que se prolongue o sentir que estamos a caminhar descalços em cima de vidros partidos.

Depois cada teste, segundo dizem, custa 30€. Qualquer dia os testes são mais caros, que os cursos que alguns políticos tiraram e não só, e que em certa altura foram denunciados, por culpa de algumas cadeiras mal arrumadas.

Mas mesmo agora em finais de Julho, é cada vez mais dramático o endividamento das famílias, consequente de um desemprego brutal, numa altura em que se começa a denunciar a existência de um fosso cada vez maior entre as crianças que frequentam determinadas escolas, com carências enormes. Oxalá, não se invente a compra de um novo manual escolar ou de outras birras a que os responsáveis chamam de instrumentos mais eficazes no aproveitamento e nos resultados escolares. Mesmo aqui às vezes vêm à superfície os falsificadores de notas. Notas escolares.

Por outro lado as Autarquias não têm tido mãos a medir no apoio e a ajuda não apenas no minguar do estado de pobreza de muitas famílias e consequente calamidade social, mas também aos jovens. Aliás, num período em que começa a emergir o trabalho infantil, que vai passando a ser uma treta, onde os que exploram em vez de dez pagam cinco, e ainda pedem três de troco. Agora por trabalho. No outro dia ouvi um comunicado da UGT. Tem graça, pensava que a UGT já não existisse…

Otelo Saraiva de Carvalho, com Mário Soares. Abril ficou mais pobre. Apesar das contradições do tempo que passa, não deixem o populismo derrubar a democracia

Morreu um dos meus ídolos. Eu votei Otelo Saraiva de Carvalho. O 25 de Abril ficou mais pobre

E para homenagearmos Otelo Saraiva de Carvalho, que o País até segunda-feira dia 26, não tinha mexido uma palha para a declaração de luto nacional, como quem tem medo de um morto, roubámos este texto, que a seguir reproduzimos, escrito por Emília Caetano, na Revista VISÂO…

Aí se fosse um banqueiro ou excelso expositor de obras de artes, daqueles que nos cilindram a vida, económica e socia e humana, dobravam-se os paus e as bandeiras, em memória de um certa palhaçada.

“Faltavam poucos minutos para as 10 da noite de 24 de abril de 1974 quando Otelo Saraiva de Carvalho, um major de 37 anos, chegou ao quartel do Regimento de Engenharia 1, na Pontinha. Ali iria funcionar o Posto de Comando da operação que nessa noite deveria acabar com o regime. Não fosse o seu temperamento impetuoso e teria todas as razões para ir apreensivo. Nunca tinha, obviamente, comandado um missão com a dimensão da que ia seguir-se. E, se é verdade que o plano de operações saíra da sua mão, dificilmente poderia considerar-se um plano muito amadurecido: só o ultimara há dez dias.

Entrou à civil. Vinha direto do Jornal do Comércio, no Camões, onde procurara o capitão António Ramos, ajudante de campo de Spínola, a quem fizera chegar um recado: “A operação vai começar agora. Está aqui o plano de operações que mandei distribuir. Entrega-o ao general.”

A Pontinha tinha-lhe sido sugerida por um oficial de lá, Ferreira de Macedo, e por Fisher Lopes Pires, que fora o segundo-comandante. As vantagens eram várias: tratava-se de uma unidade periférica e, sobretudo, podiam contar que o comandante, Lopes da Conceição, embora não fosse do Movimento dos Oficiais das Forças Armadas, não oporia resistência. Assim, ao final da tarde, depois da saída do pessoal, Ferreira de Macedo pôde fazer o black out, o que aqui significa ter tapado as janelas com cobertores. E Garcia dos Santos montara o sistema de comunicações.

Otelo foi a uma sala fardar-se antes de entrar no Posto de Comando, onde, essa noite, teria consigo Garcia dos Santos, Fisher Lopes Pires, Hugo dos Santos, Sanches Osório e Vítor Crespo. E tinha à sua espera a primeira má notícia: a Amadora, afinal, não aderira, ou “borregara”, para usar a gíria militar. Logo aquela unidade, que iria a Caxias libertar os presos políticos […]

Tínhamos de prender cinco oficiais superiores ou era previsível um confronto.” Deviam ser detidos de madrugada, à saída de casa para a unidade. Otelo até lhes destinara uma sala na Pontinha, onde ficariam sob prisão. Mas dos cinco, só Rafael Saraiva apareceu, entregue por um grupo de comandos.

“Quanto ao resto, tudo correu mais ou menos como eu esperava”, reconhece hoje Otelo. Em linhas muito gerais, imaginara o seu plano assim: os quartéis-generais de Lisboa e Porto eram os objetivos prioritários; seguiam-se os órgãos de comunicação social (Emissora Nacional, Rádio Clube Português, Renascença e RTP), a ocupação do Aeroporto da Portela e o encerramento das fronteiras: “Era preciso evitar quer a entrada de forças pedidas a Franco quer a saída do peixe graúdo.” Outro pressuposto era garantir que a Força Aérea, pelo menos, não interviria.A operação teria de ser desencadeada durante a noite, não só porque as estradas estariam sem trânsito, mas também porque os aviões não poderiam voar: “Sabíamos lá se nos aparecia alguma força de paraquedistas enviada de Espanha!” Assim, o arranque das tropas das unidades foi marcado para as 3 da manhã.

Otelo certificou-se pessoalmente de que a potência dos Emissores Associados de Lisboa chegava a Santarém. Salgueiro Maia, que comandaria a coluna da Escola Prática de Cavalaria (EPC), saída daquela cidade, pôde assim captar a primeira senha do Movimento. Eram 22 e 55 quando ouviu Paulo de Carvalho em E depois do Adeus. Tinha de começar imediatamente a reunir homens e viaturas para que, às 3 horas, pudessem arrancar. Corresse tudo bem e, às 5, estariam no Terreiro do Paço […]

Otelo Saraiva de Carvalho deixo-nos agora com 84 anos e apesar de toda a controvérsia, ele será para a eternidade, o grande mestre, decisor e realizador do 25 de Abril de 1974, e só com ele, foi possível atingirmos e liberdade e a democracia, agora tão desviante, por um populismo doente, agressivo, sujo, porco, que a todos amedrontam.

Eu votei Otelo Saraiva de Carvalho. Ele foi sempre para mim, uma grande referência E creio que a dezenas de militares que bem conheço, muitos deles oficiais superiores de quem sou amigo, entenderão a minha frontalidade, porque nunca fui homem de caminhar pelo asfalto sereno, deslizante, por cima de vidros, que mesmo chegando tarde, nunca me impediram de chegar.

Neto Gomes

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