A delegação do movimento “SOS Ria Formosa/Je Suis Ilhéu”, que entregou ontem na Assembleia da República uma petição com 4300 assinaturas contra as demolições, mostrou-se satisfeita com a ação realizada e com as reuniões mantidas com diversos grupos parlamentares.
“Houve bastante abertura por parte dos partidos que suportam este governo para se iniciar uma nova análise da situação das ilhas barreira e sensibilizar os decisores governamentais para que se possa chegar a uma solução diferente da que foi apresentada até ao momento”, explica Vanessa Morgado, um dos membros daquele movimento.
O SOS Ria Formosa efetuou reuniões com a maioria dos grupos parlamentares, com exceção do PAN e do CDS-PP.
Antes, entregaram a referida petição, em mãos, ao vice-presidente da Assembleia da República, José de Matos Correia.
“Recebeu-nos amavelmente e conseguiu compreender que este é um assunto que nos toca profundamente porque, segundo ele, os nossos olhos ‘brilhavam de forma diferente’ ao falarmos das nossas gentes e de todos os verdadeiros problemas relacionados com a Ria Formosa que não são de todo as habitações”, conta Vanessa Morgado.
Como a petição superou as 4000 assinaturas, aquele movimento vai agora ser ouvido numa comissão e a questão será, obrigatoriamente, discutida em plenário.
“Mencionámos, por diversas vezes, que não estamos contra a Sociedade Polis. Estamos sim contra a política de prioridades dessa mesma sociedade. Todos aqueles que vivem na Ria Formosa sabem que a poluição, através de esgotos que desaguam directamente para a ria e das ETAR a não funcionarem, é que provoca a calamidade nesta reserva natural”, refere.
Aquela integrante do movimento sublinha ainda que o SOS Ria Formosa não aceita o facto de a questão do meio ambiente estar a ser utilizado para a demolição de habitações: “O meio ambiente não são apenas flores e borboletas que tanto gostamos. O meio ambiente são as relações, a relação das pessoas com o meio que as envolve. E os habitantes da Ria Formosa não podem ser descartados desse ecossistema como se dele nunca tivessem feito parte”.
“Viemos com o compromisso de que as autarquias também têm uma palavra a dizer, o que para nós faz todo o sentido, e assim esperamos que venha a acontecer. Será ainda um caminho sinuoso e difícil mas as vontades políticas deverão conjugar uma nova realidade e essa foi a promessa que trouxemos”, concluiu Vanessa Morgado.
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