Rui Costa confirma desavença entre Jesus e Pizzi

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Rui Costa confirmou esta quarta-feira à BTV que Pizzi e Jorge Jesus tiveram uma desavença que precipitou a saída do treinador do Benfica.

“Houve de facto uma desavença entre Pizzi e Jesus, um jogador e um treinador que até se davam super bem e que já tinham trabalhado juntos no Benfica. Pizzi é um grande profissional, um dos capitães de equipa e merece todo o nosso respeito. A equipa mostrou apoio a Pizzi. Jesus castigou-o naquele dia, não até ao final da época. A tomada de posição de toda a equipa mostrou que havia uma quebra de confiança no treinador”, explicou, na primeira entrevista desde que é presidente do clube.

Ainda assim, o antigo camisola 10 diz que “Jorge Jesus não foi despedido pelos jogadores do Benfica”. “Conseguimos entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões e depois passámos aos oitavos de final, mas tivemos três derrotas pesadíssimas com os rivais em dezembro. Mais do que termos perdido, foi a forma como perdemos. Foi criado um ambiente à volta de Jesus que não estava favorável, até pela história do interesse Flamengo. Depois houve aquele episódio com a equipa toda. Foi uma sequência de episódios”, explicou.

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O líder benfiquista diz que autorizou a reunião entre Jesus e os dirigentes do Flamengo para que o treinador falassse com as pessoas e limpasse a cabeça. “Houve uma massacre em relação a Jorge Jesus e o Flamengo. Falámos abertamente sobre o tema, mas a vontade de Jesus era permanecer no Benfica. A minha também, porque sou apologista de se cumprir os contratos. Jesus respeitou na íntegra o que lhe pedi, tanto que quando Jesus foi despedido o Flamengo já tinha um treinador. E não era preciso autorização para essa reunião, porque hoje existem telemóveis”, referiu o antigo jogador de Benfica, Fafe, Fiorentina e AC Milan.

O presidente do Benfica, assegurou que o abraço que deu ao treinador no final da conferência de imprensa em que foi anunciada a saída do técnico “foi genuíno”. “Jesus conhece-me desde miúdo, até porque somos da mesma zona [Amadora]. Nunca passei por cima de Jesus, nunca irei passar por cima de um treinador. O Jorge é um grande treinador e enquanto esteve aqui trabalhou de corpo e alma”, elogiou, assumindo as responsabilidades pelo insucesso desportivo.

Crença no título e redução do plantel em janeiro

No que concerne à escolha do novo treinador, o presidente dos encarnados diz que Nélson Veríssimo “é um homem da casa, de extraordinária qualidade, um benfiquista ferrenho e um jovem treinador com ambição enorme”. “Acredito muito nas capacidades dele. Porquê só até ao final da época? No Benfica são necessários resultados, mas acredito que seja treinador para mais do que seis meses”, atirou, sem atirar a toalha ao chão no que diz respeito ao campeonato: “Já perdemos um campeonato quando tínhamos largos pontos de vantagem e já ganhámos um com o Bruno Lage quando o campeonato parecia já estar perdido. Acredito que este campeonato ainda vai trazer muitas surpresas.”

Apesar do avultado investimento em contratações nas duas últimas épocas, Rui Costa garante que a formação não foi esquecida. “Temos Paulo Bernardo e Gonçalo Ramos na equipa principal, mas fomos mais ambiciosos nas contratações. Não queremos contratar tantos jogadores, até porque demoram a adaptar-se e alguns não se chegam a adaptar, mas os que contratámos são jogadores internacionais, com currículo. Já contratámos jogadores na casa nos 30 anos que nos deram alegrias, como Jonas e Júlio César”, lembrou, salientando que a principal preocupação no mercado de janeiro é “reduzir o plantel” e que o Benfica continua obrigado a vender jogadores, apesar de ter capitais próprios “bem altos”.

“Operação Cartão Vermelho? Feira mediática profundamente exagerada”

A Operação Cartão Vermelho foi o tema que marcou o arranque da entrevista de Rui Costa à BTV. O presidente do Benfica disse esperar “que tudo seja resolvido e apurado o mais rápido possível”, até para que se comece “a olhar para a frente”, mas é confessa que lhe parece “profundamente exagerada esta feira mediática em torno do processo”. “Não sei quem beneficia com tudo isto, mas o Benfica tem sido tremendamente prejudicado. O processo deveria estar em segredo de justiça”, acrescentou, rejeitando a colagem do seu nome ao processo.

“Ainda ninguém foi acusado de nada. Estou de consciência tranquila. Nunca viram o meu nome envolvido em algo que tenha a ver com a Justiça. Tudo o que fiz é por amor a este clube. O Benfica não me deve nada. O meu passado no clube é sobejamente conhecido. Não recebo um euro de prémios como dirigente. Que sentido faria abdicar de todo este dinheiro para depois andar metido em esquemas? A minha história não é de hoje. Jamais prejudicaria o Benfica. Isto vem à baila sempre que o Benfica está em períodos menos bons”, frisou, manifestando confiança em Domingos Soares Oliveira, que “foi extremamente importante na recuperação” financeira do clube.

Rui Costa falou ainda sobre a auditoria forense levada a cabo por uma empresa independente, que está agora a investigar os 55 contratos em investigação pelo Ministério Público, e garante que a proposta de compra de ações por parte de John Textor “está ainda em análise”. “Podemos discutir este tema com muitos investidores, mas com a premissa de que o clube nunca perderá a maioria do capital da SAD”, vincou, confessando que a entrada na SAD de um administrador nomeado pelo acionista José António dos Santos, conhecido como rei dos frangos, “colocou um problema”.

Sobre a alteração nos estatutos, o presidente do Benfica disse ser um defensor da limitação de mandatos, e prometeu “mais e melhor” investimento nas modalidades, ainda que tivesse lamentado as fracas assistências nos pavilhões.

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