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E o rali pouco ralado com o Algarve

 

 

A questão da retirada do Rali para o Norte, subiu (ou desceu) para a chicana política, com algum argumentário passível de discussão, mas também com outro argumentário próprio de espíritos com motor gripado e provincianismo atroz. O passível de discussão, refere-se à RTA, que não pode fazer mais porque nada pode fazer: é uma entidade esvaziada pelas sucessivas leis que a reduziram a pó. Sem relevância política e espartilhada pelas tutelas. Se a tutela é do Norte, esta tudo faz pelo Norte, e se foi nomeada pelo Norte ainda que por concurso público talhado à medida do fato do Norte (não é, Pires de Lima?), a RTA é uma “área”, mas sem superfície política. A total sujeição dos seus atos aos poderes de tutela, às homologações e às autorizações, colocam a RTA na mesma posição do cabo da GNR em patrulha no Cachopo face ao Quartel do Carmo. Isto tem a ver com a retirada do rali e com tudo o mais. E os que criticam a RTA pela retirada, apenas pecam por não dizerem claramente que há um erro de política legislativa, ou, se não é erro, tal política é uma deliberada serventia à constelação de lóbis do Norte, que é mesmo constelação, diria o cabo ao Quartel do Carmo

Mas se a RTA tem gente de bem e proba, assim estamos em crer, tome-se nota de como a RTA avalia a retirada do rali, além de se dizer “desolada”, o que é um desabafo sem cotação em bolsa. Em síntese e entre aspas, ou seja, por palavras próprias:

1 – que “nunca foi pedido nada pelo Automóvel Clube de Portugal que não fosse feito pela RTA no último ano e meio, incluindo no envolvimento com os municípios”
2 – que “o presidente do ACP foi muito claro: a FIA exigiu levar o rali para Norte, face à maior presença de público”
3 – que a RTA “falou sempre com o ACP e com as câmaras municipais”, que “não houve falta de empenho”, mostrou sempre “disponibilidade para assumir as exigências apresentadas”, e que “aquilo que a FIA encontrou no Algarve foi uma prova excecional em todos os aspetos”
4 – que a direção da RTA espera agora que a região seja “compensada” pelo Turismo de Portugal pela saída do rali

Perante isto, se alguém tivesse a consciência de ficar reduzido a cabo do Cachopo, demitia-se e não deixava os algarvios probos a atirarem-se uns contra os outros para gáudio do Norte, não tanto do público do Norte, mas dos lóbis do Norte. Dos não probos, a gente trata deles, e quanto a “compensações” serão esmolas tardias e humilhantes por mais brilhante que seja a prosápia do esmoler.

Flagrante logística: Com que então, o Algarve não tem público para um rali de Portugal e tem público para tanto hipermercado do Norte, que anda por aí sobre rodas e sem contrapartidas?

Carlos Albino

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1 COMENTÁRIO

  1. Eu para este peditório do rally que se pisgou a mais de cem à hora, já contribuí que bastasse.
    Depois, já os meus avós diziam, que em negócios com bestas, nenhum comprador se safava: pagava sempre o preço que o cigano pedia. Hoje em dia, e apesar do cavalo garboso da Coudelaria de Alter (também essa em crise), as patas foram substituídas pelas rodas: mas a ciganada é toda a mesma, não conhecem a mãe que os pariu.
    E a verdade mais absoluta (para além da ajuda que o Algarve deu ao ACP, no rejuvenescimento do zombie que se tinha tornado esse evento, a realidade mostra à saciedade que o Norte de facto tem mais público e mais empatia, beneficiando do norte de Espanha, onde também são muito aficcionados às quatro rodas.
    Paciência… olhem, promovam um grande Festival de Literatura do Algarve, que em tempos tentaram e morreu logo à nascença. A cultura não dá dinheiro (para a maioria) mas pelo menos demonstrávamos que somos gente culta. Quéser… alguns

    (Quanto ao resto, em (guerras de alecrim e manjerona) política, que se entendam, porque são todos brancos e maiorzinhos de idade. Mas, lá que custa lamber o acne das feridas, ai custa custa. Contudo, o Ancão ainda é uma grande estação para a entouraje “lesboeta” vir de novo dar uns abraços, e tudo voltar a renascer das cinzas, qual Fénix marinha em noite de Verão no calçadão.)

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