SMS: Fernando és e Fernando hás-de ficar

Este é por certo o mais difícil apontamento desta série que, nos últimos anos, me tem ligado ao Jornal do Algarve. Difícil porque nem sequer por exercício de adivinhação contava com o desaparecimento do Fernando. A sua presença parecia-me ser eterna, e nessa eternidade ficava bem emoldurada a defesa do Algarve no que tal defesa acarreta em termos de interesse geral e de bem comum. As duas coisas, como apenas acontece com alguém que pensa, escreve, fala e age sem ceder a oportunismo político ou com a tal manha visando carreirismo escondido.

O Fernando, nestes tempos de crise mental e educacional do País, e pior ainda no Algarve, fica a fazer falta ao Algarve, no Algarve e para o Algarve. E mesmo que nos habituemos a esta ausência, como inevitavelmente acontecerá, agora que ainda estamos entre a véspera surpreendente e o dia seguinte, devemos dizer-lhe como se nos ouvisse – Fernando és e Fernando hás-de ficar. E se algum Jornalismo suportar sem agrura esta evocação, isso significará para o Algarve que há quem o defenda no quadro dos valores da Liberdade, da Justiça e da Fraternidade, palavra que foi indevidamente capturada por alguns que sendo filhos da mesma mãe jamais foram, não são e jamais serão fraternos.

A fraternidade não era para o Fernando uma vizinha de outra rua, era a vizinha da casa da frente e da mesma rua, tal como a liberdade, para ele, não era uma residente no beco ao virar da esquina – era a condição para haver vizinhança e para que todos os da mesma rua tivessem um apelido comum ainda que o uso desse apelido sugerisse erradamente haver consanguinidade – o apelido Justiça. Quem conviveu de perto com o Fernando sabe muito bem que o diretor do Jornal do Algarve era um homem livre, justo e fraterno, cabendo nele a definição do Meridional, do Homem do Sul, do Algarvio.

Tinha muito para dar, porque dar foi o seu ofício. E a dificuldade de escrever sobre o Fernando, avém do facto de que vão rareando os seres humanos que dão sem avaliar retornos e muito menos calculando-os. Obrigado Fernando. Mais do que mereces este 928.º apontamentozinho cujo número 1 foi a teu pedido, A honra do pedido é a justificação da fidelidade. Como em tudo na vida.

Carlos Albino

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