Para o representante do Ministério Público (MP), nada justifica que Dominique Strauss-Kahn (DSK), ex-diretor do FMI, seja condenado pelo tribunal de Lille, onde decorre o julgamento de uma rede de prostituição e proxenetismo que organizava orgias nesta capital do norte da França e ainda em Bruxelas, Paris e Washington.
O igualmente ex-ministro socialista deverá portanto sair do tribunal sem qualquer sanção judicial. Apenas sairá condenado pela opinião pública devido ao seu comportamento sexual pouco cuidadoso nas orgias com prostitutas, nada consentâneo com o seu elevado estatuto na política e na sociedade francesa – designadamente as suas ligações perigosas aos membros da rede, alguns deles eventuais proxenetas.
Depois dos depoimentos de algumas prostitutas, que evocaram na barra da sala de audiências a sua “violência sexual” e “sodomias não consentidas”, DSK reconheceu ser libertino e gostar de sexo “rude”. Mas isso não faz dele um criminoso.”O que umas mulheres acharam desagradável não foi considerado desagradável por outras”, explicou o procurador.
Os advogados da defesa do ex-favorito para as presidenciais francesas de 2012 terão agora pouco trabalho para o defender durante as suas alegações porque o MP fez o essencial do trabalho por eles. “DSK organizou estes encontros? Não. Ganhou alguma coisa com a prostituição? Não. Pagou a prostitutas? Não.”, disse o procurador.
O MP desculpou tudo a DSK, mesmo um SMS enviado por ele a um dos membros da rede no qual pedia a este último “material” (mulheres) para uma festa.
No julgamento estão a ser julgados, com DSK, mais 13 réus. As penas pedidas pela acusação são relativamente clementes, mesmo para Dodo la Saumure, acusado de proxenetismo, para quem foi requerido um ano de prisão efetiva. Para os dois amigos de DSK, que organizavam as orgias, pelos vistos gratuitamente para ele, foram pedidas penas suspensas de prisão e 20 mil euros de multa.
Dominique Strauss-Kahn arriscava 10 anos de prisão e 1,5 milhões de euros de multa se fosse provada a acusação de “proxenetismo agravado” que o levou a tribunal.
RE
