Tapete rosa reforça-se em todo o distrito (balanço final)

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O PS reforçou este fim-de-semana significativamente a sua votação nas eleições legislativas antecipadas, ao conquistar 39,9% dos sufrágios (contra 36,8% nas eleições de 2019), mas não aumentou o número de deputados eleitos, que continuam a constituir a maioria dos parlamentares representantes do Algarve: cinco em nove.


O PSD também cresceu eleitoralmente em relação a 2019 – de 22,3% para 24,4% – mas continua com o mesmo número de deputados: três.
O 9º deputado foi eleito pelo Chega, que obteve 12,3% dos votos e conquistou ao Bloco de Esquerda o deputado solitário pelo distrito: Pedro Pinto.
Os bloquistas – que durante os últimos dois anos foram representados por João Vasconcelos e agora candidataram o eurodeputado José Gusmão – ficaram-se pelos 5,8% e não elegeram.


A CDU ficou abaixo do Bloco de Esquerda, com 4,8%, pouco acima da Iniciativa Liberal, que teve 4,6%. O PAN quedou-se pelos 2,2%, acima do Livre e do CDS, ambos com 1,1% dos votos.
Pelo PS continuam a permanecer no parlamento cinco deputados: por ordem de lugar na lista, Jamila Madeira, Jorge Botelho, Luís Graça, Isabel Bica e Francisco Oliveira.

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O PSD, além do seu cabeça de lista Luís Gomes, estreante no hemiciclo, elege Rui Cristina e Ofélia Ramos.
Nas 67 freguesias do distrito, com a contagem terminada, os 39,9 % do PS representam 77.740 votos, os 24,4 do PSD representam 47.471 votos e o Chega, ao alcançar 12,3 %, obteve 23.988 votos.


Curiosamente, em matéria percentual, o Chega e o Bloco de Esquerda praticamente trocaram de posições face a 2019: o partido de André Ventura obteve os mesmos 12,3% dos votos que os bloquistas em 2019, embora haja uma diferença de cerca de 1.500 votos, este ano favorável ao Chega, explicada pelo número de votantes, que este ano foi maior.


Já em 2019 a CDU tinha conquistado apenas 7% dos votos, mas este ano só alcançou 5,8%.
Quanto a abstenções, a tendência nacional foi seguida no Algarve: 48,8%, contra 54,2% em 2019, o que significa que os eleitores algarvios resolveram aproveitar o sol para sair de casa e dirigirem-se às assembleias de voto.


No plano concelhio, o PS vence em todos os concelhos, mas em alguns com vitórias retumbantes. A maior vitória é em Monchique, com 48,9%, seguido de Alcoutim (46,9%), VRSA (46,8%), Tavira e Castro Marim (43,2%), Vila do Bispo (42,9%) e Lagos (41,2%), a que se seguem outros concelhos algumas décimas acima dos 40%: Faro, Lagos e São Brás de Alportel.


Ainda no que respeita ao PS, os concelhos de Albufeira (35,1%), Portimão (37,3%), Loulé (38,2%) e Silves (39%) são aqueles em que os sociaistas ficam abaixo da fasquia dos 40%.


Quanto ao PSD, só no concelho de Alcoutim consegue ter mais de 30% dos votos, mais propriamente 32,1%, e é em VRSA que não chega aos 20%: queda-se por uns modestos 18,6%, num concelho onde os sociais-democratas estiveram no poder autárquico durante os últimos 15 anos.
De destacar que o Chega consegue alcançar o terceiro lugar em todos os 16 concelhos da região e em alguns territórios municipais tem valores significativos: 15,2% em Albufeira, 15,1% em Lagoa, 14,2% em Castro Marim e Portimão e 13,5% em Silves.


Quanto aos bloquistas, que até aqui tinham um score eleitoral acima dos 10% na região, atingindo os 13,2% nas eleições de 2019, quedam-se agora por uns modestos 5,8%, com os concelhos mais interiores de Alcoutim (2,2%), Monchique (4,1%) e Castro Marim (4,3%) a constituírem os territórios em que foram mais fracos nas eleições de domingo. São um pouco mais fortes em Vila do Bispo (7,1%), Lagos (6,7%) e Portimão (6,6%).


O concelho de Silves é aquele em que a CDU é mais forte, mas mesmo aí fica longe de alcançar um resultado que se compadeça com a sua categoria de único território municipal governado pela coligação liderada pelos comunistas em toda a região do Algarve, o que já acontece há oito anos e foi agora confirmado, nas eleições autárquicas de 2021: não vai além dos 8,7%. Silves à parte, é nos antigos bastiões comunistas algarvios de Aljezur e VRSA que a coligação eleitoral ainda mantém uma amostra do seu antigo esplendor, ao conquistar, em ambos os concelhos, 7,7% dos votos.
Num fulgor próximo daquele que teve a nível nacional, os liberais da IL conseguiram resultados razoáveis em alguns concelhos, sobretudo nos territórios mais densamente povoados (Portimão, Albufeira, Faro e Loulé), com valores acima dos 5%. Isto num contexto em que enfrentaram taco a taco a histórica CDU, perdendo no final da refrega por 4,8% a 4,6%.


Em toda a região o ato eleitoral decorreu com normalidade e nem a habitual “revolta” da ilha da Culatra (distrito de Faro) contra as condições de saneamento básico se fez sentir desta vez.


Tal como em todo o País, as normas e regras sanitárias foram respeitadas na região, com a população confinada devido ao covid-19 a ser convidada a comparecer para votar nos últimos 60 minutos de abertura das urnas.


Os que não puderam ou quiseram votar no passado domingo puderam vazê-lo uma semana antes. O chamado voto antecipado em mobilidade contou com 14.542 eleitores inscritos no distrito de Faro, dos quais votaram 13.511, uma taxa de votantes de 94,16%, segundo dados do Ministério da Administração Interna.


A nível nacional, votaram 285.848 eleitores, correspondendo a 90,51% dos 315.785 que se inscreveram na modalidade de voto antecipado em mobilidade.

Jamila Madeira promete novo hospital


Cabeça-de-lista do Partido Socialista pelo Algarve, Jamila Madeira, 46 anos, põe o acento tónico da confiança depositada no PS pelo trabalho desenvolvido pelo Governo: “Seis anos volvidos de chegarmos ao Governo é para nós importante o reforço desta confiança e o reconhecimento do trabalho feito, apesar de todas as dificuldades”, disse Jamila Madeira ao JA no rescaldo da competição eleitoral de domingo passado.
“Tivemos uma crise provocada pela pandemia e estamos agora a começar a recuperar e é muito importante que todos identifiquemos as soluções para o Algarve”, enunciou.


“Esses foram os compromissos que o PS assumiu com a região. São bons compromissos e os algarvios reconheceram isso mesmo. Este agradecimento aos algarvios tem a responsabilidade de manter na linha da frente esses compromissos”.
Como primeiro desses comprometimentos começa por elencar a causa da saúde e em particular do hospital central do Algarve. “Vamos trabalhar para que esta solução seja uma realidade para os algarvios”, promete.

“Sem água não há futuro e a nossa região é fustigada pela realidade da carência da água e da seca. Temos já o Plano de e Eficiência Hídrica aprovado, temos que o implementar rapidamente”

Jamila Madeira


Duas outras questões de emergência máxima para a filha do histórico socialista Luís Filipe Madeira: a habitação, onde o Governo já colocou um pacote financeiro que agora tem que ser concretizado no terreno; e a resolução do problema da água. “Sem água não há futuro e a nossa região é fustigada pela realidade da carência da água e da seca. Temos já o Plano de e Eficiência Hídrica aprovado, temos que o implementar rapidamente”, advoga.


Como primeira medida mais simbólica a tomar no início da legislatura, volta ao tema do Hospital Central para se comprometer junto dos algarvios – e disse-o já nas redes sociais – “que hoje voltaria a pegar no dossiê. Tem avançado bastante apesar da escassa visibilidade externa e não podemos descansar nem um minuto até que ele seja uma realidade a muito breve trecho”.


“Todas as premissas que tenho em mão me permitem ter essa ambição e é nesse sentido que vou trabalhar”, jura.


Luís Gomes quer todos unidos pelo Algarve


Manifestando-se satisfeito por regressar ao Parlamento, “para servir a região e a [sua] terra”, o cabeça-de-lista do PSD eleito pelo Algarve sustenta por seu turno ao JA que, dentro do panorama global em todo o País, o Algarve foi das regiões em que o PSD se conseguiu aguentar melhor”.
“Não perdemos deputados e tivemos mais 9 ou 10 mil votos do que nas eleições de 2009. O balanço é negativo porque o que nos interessava era ganhar as eleições a nível nacional, mas comparativamente com o que aconteceu no País, no Algarve não foi tão negativo”, afirmou ao nosso jornal o deputado eleito, horas depois da contenda.


Observou que o PS “subiu muito a parada nestas eleições em relação a tarefas e compromissos” e recordou que a socialista Jamila Madeira “disse que o avanço do hospital central do Algarve estava por semanas. Vamos esperar”.

“O nosso compromisso é puxar para cima da agenda as problemáticas importantes no Algarve: além da saúde, há a da mobilidade e aqui a requalificação da EN125 é fundamental. Termos uma rede de transportes como deve ser, a eletrificação da linha de caminho de ferro, a sua chegada ao aeroporto de Faro”

Luís Gomes


“O nosso compromisso é puxar para cima da agenda as problemáticas importantes no Algarve: além da saúde, há a da mobilidade e aqui a requalificação da EN125 é fundamental. Termos uma rede de transportes como deve ser, a eletrificação da linha de caminho de ferro, a sua chegada ao aeroporto de Faro”, enunciou.


Prometeu que os três deputados social-democratas eleitos pelo distrito de Faro vão estar “muito vigilantes relativamente ao PRR na região”, porque “não se podem desperdiçar mais oportunidades e é preciso isto tudo passar das palavras à prática”.
Sobre a possibilidade de os deputados eleitos pelo Algarve fazerem “lobby” pela região independentemente do partido a que pertencem, Luís Gomes sustenta que “deve haver denominadores comuns entre todos os deputados eleitos pelo Algarve desde que as coisas sejam feitas de forma clara e objetiva”.


“Da nossa parte não vejo porque não haja essa sintonia, desde que vamos todos ao encontro do que todos temos defendido, que é o mesmo, mas que não haja retiradas estratégicas só porque o PS está no Governo”, concluiu.
Apesar de o JA ter tentado por diversas vezes chegar à fala com Pedro Pinto, deputado único eleito pelo Chega no distrito de Faro, aquele futuro parlamentar não atendeu o telefone nem retornou a chamada.

João Prudêncio

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