As creches reabriram dia 18 de maio. Antes da reabertura, os profissionais de educação (docentes e não docentes) realizaram o teste de rastreio à Covid 19. Os testes foram considerados obrigatórios pelo Ministério do Trabalho e Segurança Social.
Foi devido a estes testes que alguns trabalhadores (e os seus colegas e famílias das crianças com quem trabalham) souberam que estavam infectados, embora fossem assintomáticos e, por esta razão, ficaram de quarentena para não infetar colegas e alunos.
No dia 1 de junho reabriram os jardins de infância (públicos e privados) mas, sendo da responsabilidade do Ministério da Educação, o teste aos trabalhadores deste setor não foi realizado.
Tal como aconteceu no retorno às aulas presenciais do ensino secundário, o Ministério da Educação ignora e desresponsabiliza-se de qualquer profissional (docente ou não docente) que esteja infetado e, sem saber, infete os que com ele trabalham (colegas e alunos).
Algumas Câmaras Municipais assumiram essa responsabilidade e, no setor privado (jardins de infância privados), também há instituições que estão a suportar esse custo.
Não sendo um procedimento obrigatório, existem instituições com valência de creche e jardim de infância em que os profissionais que trabalham na creche realizaram o teste e, na mesma instituição, os profissionais que trabalham no jardim de infância não realizaram qualquer teste de rastreio.
Esta situação é inaceitável e incompreensível. O governo não é o mesmo? Então porquê atuações diferentes?
A nível internacional, Portugal é considerado um exemplo pela quantidade de testes de despistagem realizados contra o novo vírus (está no top 10 dos países que mais testam os cidadãos), sendo, este procedimento, desde março, referido como uma das formas de rastreio mais eficazes de combate ao vírus.
Será que os docentes do setor público e os educadores de infância que trabalham nos jardins de infância do setor privado, ambos da responsabilidade do Ministério da Educação, vivem no mesmo país? Será que o Ministério da Educação os vê como cobaias para a tão desejada imunização coletiva?
A Organização Mundial de Saúde incentiva a “testar testar, testar”, mas, mais uma vez, o Ministério da Educação vive no seu próprio mundo definindo as suas próprias regras, as quais continuam a ser de total desrespeito pelos profissionais de educação.
Que o Ministro da Educação não existe já todos sabemos. Mas por que razão o Ministério da Educação tem uma postura diferente de outros Ministérios?
Os cidadãos portugueses não têm todos os mesmos deveres e os mesmos direitos?
Ana Simões
Professora, Dirigente sindical e coordenadora distrital de Faro – SPZS