Tikrit, uma cidade iraquiana situada 140 quilómetros a noroeste de Bagdade, viveu 10 meses sob o controlo do Daesh, o grupo extremista que se autoproclama de Estado Islâmico. Com a reconquista veio a amarga de descoberta de uma vala comum com 1700 mortos, que começaram esta terça-feira a ser exumados por uma equipa de médicos legistas e outros especialistas.
A exumação vai permitir confirmar se estes corpos são dos soldados iraquianos torturados e assassinados pelos terroristas do Daesh durante o período em que dominaram Tikrit. Recorde-se que o Daesh tomou o controlo da cidade em junho do ano passado [os primeiros ataques remontam a 2011] e aí permaneceu até as autoridades iraquianas anunciarem a reconquista em 31 de março último.
Os especialistas estão a trabalhar em oito locais situados no complexo de palácios presidenciais [mandado construir pelo ex-Presidente Saddam Hussein], e onde se julga que tenham ocorrido os assassínios dos soldados. Esta informação foi confirmada à Associated Press por Kamil Amin, do Ministério de Direitos Humanos do Iraque.
“Os trabalhos continuam e esperamos encontrar mais valas comuns noutras áreas”, disse Amin. Vão ser feitos testes de DNA para identificar os corpos exumados, já que a maioria das famílias não sabe o que aconteceu aos seus parentes desaparecidos .
“Foi uma cena comovente. Não houve nada que evitasse que rompessemos em lágrimas. Quem é o bárbaro que pode matar 1700 pessoas a sangue-frio?”, pergunta Khalid al-AtBI, membro da equipa forense, citado pela agência Reuters.
Para já, a única certeza que existe é que uma vala comum com 1700 mortos testemunha a existência de um massacre. Mesmo quando não se sabe exatamente a quem pertencem os corpos. Mesmo numa cidade que viveu sobre o controlo dos extremistas do Daesh.
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