Tony Blair aconselhou Kadhafi a fugir

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“Se você tem um local seguro deve ir para lá porque isto não vai terminar pacificamente”, disse Tony Blair a Muammar Kadhafi durante o início da sublevação na Líbia, em fevereiro de 2011, numa de duas conversas telefónicas cuja transcrição foi divulgada esta quinta-feira.

O conteúdo dos contactos telefónicos foi publicado pelo Comité dos Negócios Estrangeiros do Parlamento britânico, no âmbito da análise que está a efetuar sobre a intervenção do ocidente na guerra civil líbia e sobre as opções tomadas pela Grã-Bretanha.

A transcrição das conversas telefónicas – mantidas a 25 de fevereiro de 2011, a segunda após Blair ter dado conta aos Estados Unidos e à União Europeia dos dados que possuía sobre a situação – foi facultada ao comité pelo próprio ex-primeiro-ministro.

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Blair aconselhou Kadhafi a pôr fim à violência, iniciar um processo de transição e afastar-se. “A forma de lider com isto é o líder dizer e tornar claro que ele quer uma saída pacífica (…) O uso de aviões para atacar cidades e o uso da força contra civis – isto tem de acabar”, afirmou o ex-governante britânico.

O líder líbio insistiu que o seu país estava a ser atacado por células adormecidas da rede terrorista da Al-Qaeda, que pretendiam tomar o norte de África e atacar a Europa: “Eles querem controlar o Mediterrâneo e depois eles vão atacar a Europa”.

O comité pretende determinar se o “aviso profético de Kadhafi sobre a sublevação de grupos extremistas… foi erradamente ignorado” devido ao seu estado de “delírio”.

No segundo telefonema, Kadhafi advertiu que, caso as forças ocidentais interviessem, a Líbia terminaria “como o Iraque”, pois iria “armar o povo” para lutarem contra a “colonização”: “Se vocês querem espoliar a Líbia nós estamos preparados para lutar, será como o Iraque”.

“Eu repito o que me foi comunicado, se há uma forma de ele (Kadhafi) poder sair, deve fazê-lo agora (…) Se nós não arranjarmos uma saída para isto nas próximas horas, eu não sei o que irá acontecer”, afirmou Blair.

A conversa terminou com o líder líbio a dizer “limitem-se a deixar-nos em paz” e com Blair a apelar para que mantivesse “as linhas de comunicação abertas”.

Kahdafi viria a abandonar Trípoli em agosto, mas acabaria por ser morto a 25 de outubro.

Alexandre Costa (Rede Expresso)

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