Trump é candidato virtual à presidência após Ted Cruz abandonar corrida

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Ted Cruz

Pouco passava da meia-noite em Portugal continental quando, sem surpresas, a contagem de votos no estado de Indiana confirmou o que as sondagens previram: uma vitória esmagadora de Donald Trump sobre os rivais, Ted Cruz e John Kasich, com 53,3% dos votos, contra 36,6% para o senador do Texas e 7,6% para o governador do Ohio.

O facto de ter ficado em primeiro lugar ditou que, segundo as regras das primárias no Indiana e de acordo com os votos recebidos, 51 dos 57 delegados eleitorais em disputa lhe sejam atribuídos. Com os 956 que já tinha chamado a si, Trump sobe para os 1007, o que por si só já seria um forte indicador de que poderá alcançar o mínimo necessário de 1237 para garantir a nomeação do partido antes de o longo processo de primárias ser concluído no início de junho.

Assim seria se Trump continuasse a disputar a nomeação do partido com Cruz e Kasich, mas não é esse o caso a partir de hoje. Pouco depois do anúncio dos resultados no Indiana, Cruz martelou os últimos pregos do caixão das suas aspirações presidenciais, anunciando a desistência da corrida.

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Antes da ida às urnas na noite de terça-feira, restavam dois grandes obstáculos a afastar Trump da nomeação republicana: o Indiana e Cruz. Daí que a saída do senador da corrida tenha sido ouro sobre azul: tal significa não só que o magnata fica com o caminho livre para ganhar em quase todos os estados que ainda vão a votos até 7 de junho, como poderá ultrapassar já nos próximos dias a barreira mínima de delegados necessários para vencer, à medida que os 546 que já tinham jurado fidelidade a Cruz forem decidindo quem querem agora apoiar.

No discurso de derrota tornado despedida, Cruz coibiu-se de fazer qualquer referência ao principal rival, o homem que um dia prometeu destronar a todo o custo. Dizem alguns que poderá agora mudar de discurso e aceitar um eventual convite de Trump para ser seu parceiro; nesse cenário, e considerando as ambições do senador, de pouco interessa que, não há muito tempo, tenha declarado que tem “zero interesse” em ser vice-presidente numa administração Trump. (Para relançar a sua campanha perante as negras sondangens para o Indiana, Cruz chamou a antiga rival, Carly Fiorina, para ser sua vice-presidente, tornando-se no primeiro candidato dos dois partidos a apresentar um parceiro de corrida. De nada lhe valeu.)

Trump, por sua vez, fez questão de falar do agora ex-rival no discurso da vitória, autdeclarando-se o candidato oficial do partido republicano e dando a entender que poderá mesmo convidar o senador para concorrer consigo à presidência em novembro. “Ted Cruz, não sei se ele gosta ou não de mim, mas ele é um competidor fantástico. É um homem forte e esperto. E tem um futuro incrível pela frente.”

Não é certo que reação vai o Grand Old Party (GOP) ter ou que cordelinhos vai ou não mexer para tentar travar Trump como a maioria dos seus membros tem vindo a prometer. Mas é improvável que Kasich, que até agora só conseguiu chamar a si 153 delegados eleitorais, recupere e se aproxime de Trump. Tal como é hoje mais improvável do que nunca que Trump fique aquém do mínimo necessário de delegados antes da convenção nacional republicana — que este ano acontece em Cleveland, no Ohio, entre 18 e 21 de julho.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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