UAlg alia-se ao município de Cascais para recuperar florestas marinhas

As florestas de algas marinhas são consideradas “maternidades” de peixes, agentes de sequestro de dióxido de carbono e o “expoente da economia circular”

ouvir notícia

O Centro de Ciência do Mar da Universidade de Algarve (UAlg), em colaboração com a Câmara Municipal de Cascais, desenvolveu um projeto-piloto que pretende recuperar as florestas de algas marinhas ao largo da costa da Guia, entre a vila de Cascais e o Guincho.

Os primeiros resultados foram apresentados esta quarta-feira a bordo do galeão “Estou para Ver”, adquirido, em 2003, pela Câmara Municipal de Cascais.

O embarque começou pela manhã e o mar estava calmo, o que não impediu que o galeão balançasse. A bordo estava uma comitiva com elementos da Câmara, especialistas, biólogos e também o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva.

- Publicidade -

Já no local onde está instalado o projeto, a tripulação estabilizou a embarcação, esticou o pano e lançou a âncora, ficando reunidas as condições para que os mergulhadores recolhessem as primeiras imagens.

“As florestas marinhas, por um lado, criam habitats e esconderijos que servem para refúgio, abrigo, alimentação, maternidade e berçário dos pequenos juvenis das espécies de peixes. Toda a diversidade marinha beneficia, em geral, da existência de florestas marinhas”, explicou, a bióloga e professora da Universidade do Algarve, Ester Serrão.

Estas florestas são assim compostas por grandes algas castanhas – as laminárias –, uma espécie predominante em Portugal, que pode ultrapassar os dois metros de altura.

Conforme indicou a bióloga, a metodologia de produção destas florestas foi desenvolvida no Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve.

“Trouxemos estruturas reprodutivas do Minho, que foram utilizadas para produzir bebés de algas, um viveiro de estados microscópicos das algas, que foram colocados numa aquacultura de douradas em Alvor”, precisou.

Além de contribuírem para o aumento da diversidade, estas algas também sequestram carbono, limpam a água e protegem a costa, atenuando os efeitos das correntes e das tempestades.

Contudo, a poluição, nomeadamente ligada às partículas em suspensão na água, tem destruído as algas, que precisam de um substrato duro para se agarrarem.

“Se [o substrato] estiver coberto de partículas e sedimentos, que vêm quando há atividades terrestres […], a água acaba por ter menos luz e por ter muita turbidez, que destrói o habitat favorável às florestas marinhas”, apontou Ester Serrão.

De acordo com a vereadora do Ambiente da Câmara de Cascais, Joana Pinto Balsemão, há três décadas, as florestas de algas marinhas eram abundantes nesta costa e agora estão a desaparecer. Daí a importância deste piloto, que quer fazer “uma gestão do mar que não seja passiva”, ou seja, recorrendo à regeneração.

“Este é um projeto-piloto alicerçado na ciência e está a correr manifestamente bem. O objetivo é confirmar que este método de plantação é o mais viável e depois expandir e aqui procuramos fontes de apoio, como o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], porque temos que escalar”, afirmou.

O projeto-piloto de recuperação da floresta marinha da Costa Atlântica deverá estender-se por até mais seis meses, sendo terminado “assim que as condições marítimas o permitirem”.

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.