Um ano sem Fernando Reis

Luísa Travassos
Luísa Travassos
Diretora do Jornal do Algarve Carteira Profissional - 588 A

Cumpre-se, hoje, um ano que nos despedimos do diretor do JORNAL do ALGARVE! Um ano sem Fernando Reis, com a sua personalidade ímpar, não tem sido fácil.
Ocupar o seu lugar, ainda mais difícil.
Fernando Reis era um homem de causas, lutador íntegro, mas que acreditava que conseguia dar sempre a volta a qualquer dificuldade que se lhe deparasse.
Fragilizada com a sua perda, a equipa que continuou a dar o seu melhor, tem-se norteado pelos seus imensos ensinamentos, bem como pelo seu positivismo.
Creio que podemos afirmar que, com o empenhamento de todos os que permanecem neste semanário, temos conseguido levar a bom porto o nosso trabalho e que, se nos pudesse acompanhar, estaria orgulhoso, porque em momento algum deixámos de nos nortear pelos seus ensinamentos, pelas suas orientações. Não há uma peça de fundo, uma entrevista, uma reportagem, que não nos questionemos: como faria o Fernando? A equipa redatorial que restou, composta por jovens jornalistas, escolhidos por ele, tem-se revelado competente, com sede de saber, com ambição de melhorar, com um gosto louvável de trabalhar em equipa. Tem sido gratificante trabalhar com eles.
Ao fazer-se a paginação, sempre ouvimos alguém dizer: o chefe dizia que era assim… No contacto com as instituições, agências, clientes e assinantes, lembramos sempre: o Fernando queria que orientássemos desta forma…
A todos, que tão bem têm desempenhado o seu papel, revelo o meu reconhecimento.
Portanto o Fernando Reis continua entre nós, sempre e a cada momento!
Mas falta-nos a sua alegria contagiante! Nos nossos diálogos diários, também fazemos referência a isso, só que com muita saudade.
Somos uma família que tudo tem feito para honrar o seu nome. E como família que somos, a falta é muito mais sentida.
Falta-nos o relações públicas que a toda a hora comunicava com as instituições, no propósito de sacar uma cacha, mas também para fazer ver o quão importante é a imprensa regional, uma comunicação séria e de proximidade.
Fernando Reis tinha uma peculiar forma de contactar com o poder. Questionava, punha em causa… mas sempre com uma maneira simples, despretensiosa e isso fazia com que todos o respeitassem.
A todos os que mantiveram esse tipo de relação com ele, manifesto o nosso agradecimento. A todos os que mantêm essa relação com o JORNAL do ALGARVE, e dão continuidade a parcerias iniciadas por ele, também apresentamos o nosso reconhecimento.
A todos os que consideram que a imprensa não é assim tão necessária, recordo que é através dela que muitas personalidades se projetam porque de outra forma não passariam de ilustres desconhecidos.
Mas não menos importante: vivemos num tempo de desinformação, em que as redes sociais são utilizadas da pior forma, e que sem uma informação séria, credível e escrutinada, caminhamos a passos largos para o populismo e está em causa a manutenção da democracia.
Sim, a imprensa é necessária e insubstituível. Não permitamos que os desertos de notícias continuem a aumentar. Cabe aos nossos representantes políticos atuar de forma para que isso não aconteça. A Imprensa Regional precisa de apoio!
Um povo desinformado e ignorante é mais fácil manipular! O populismo está à espreita…


6/12/22

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2 COMENTÁRIOS

  1. Não tive o privilégio de conhecer o dr. Fernando Reis, nem de com ele privar.

    Porém, pelos contactos que mantive, através de várias mensagens que trocámos, pouco antes do seu passamento, interiorizei a percepção de que estava em presença de um dos últimos abencerragens da nossa vida social – cada vez mais sáfara e pobre em Valores –, em termos de amor ao património, alguém em quem era patente uma manifesta verticalidade, que o levou, de pronto, a disponibilizar-se, através de uma peça publicada no Jornal do Algarve (JA), a fim de impedir a eventual descaracterização do núcleo antigo de S. Bartolomeu de Messines, na sequência de obras chamadas de “melhoramento”, que estavam preconizadas para aquele espaço, pela Câmara Municipal de Silves (CMS).

    Tratava-se de uma intervenção que, segundo o projecto apresentado, colidiria, irremediavelmente, com a matriz do casco antigo da terra e origem da mesma, berço da ancestral Mussine berbere, que ali se fixou, a partir de 711, em local virgem, ao tempo.

    Logo que o contactei, o dr. Fernando Reis abraçou, de imediato, esta causa, tendo enviado um senhor jornalista do JA a Silves, cuja entrevista, com quem de direito, providenciou que fosse publicada, como acima refiro.
    O referido projecto da CMS acabou por não avançar, pelo que não será exagerado afirmar que a minha terra, Messines e todos nós, Messinenses, ficámos eternamente gratos ao dr. Fernando Reis, pela sua intervenção, para que não fosse adulterada, de um modo irreversível, a identidade daquele espaço tutelar, que, no meu caso, em concreto, me viu nascer e sobre cujas lajes toscas de arenito, com origem no Triássico, corri, brinquei, esfolei os joelhos a sangrar e fui feliz.

    Depois de tudo serenado e de a CMS ter desistido de levar por diante o projecto previsto, convidei o dr. Fernando Reis a visitar-nos, em especial ao núcleo antigo, convite que, simpaticamente, aceitou para ocasião em que os seus afazeres o permitissem.
    Infelizmente, passado pouco tempo, tive a muito triste notícia de que o dr. Fernando Reis tinha deixado o nosso convívio, em termos pessoais, porém, jamais, como grata recordação de um cidadão e do grande homem que era.

    A Humanidade seria bem melhor e mais sã com mais homens bons como o dr. Fernando Reis, em relação a quem guardo a mágoa de não ter tido a oportunidade de o conhecer pessoalmente, a fim de lhe agradecer a generosidade da sua intervenção.

    • Muito obrigada pelas suas palavras, pelo vosso reconhecimento. Fernando Reis era, efetivamente, um defensor do património! Teve sempre presente na sua mente que o JORNAL do ALGARVE era (e é) um jornal de causas! Pôs em prática a sua missão, lutar para que Messiness mantivesse o seu património intocável!

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