Um pouco de tudo como na farmácia

Houve alturas em que escrevia muito sobre os que falam de futebol, principalmente para denegrir/admirar os comentários de Luís Freitas Lobo (LFL). LFL era o homem capaz de dizer frases como: “o futebol é como um imenso laboratório de todas as acções humanas, desde as mais comezinhas até às verdadeiramente altruístas”. Não disse? Mas bem que podia. Irritava-me (ainda me incomoda, mas ouvidos que não ouvem, coração que não sente, como se diz em terra de surdos) aquela forma de falar entre o mavioso e o nortenho, vendo alta poesia numa cacetada na perna esquerda do Ronaldo (esta é embrulhada). Não é que me tenha convertido à – sua – causa, apenas deixei de o ouvir nestes últimos anos, e nestas coisas de embirrações a idade, a distância e não assinar a Sport TV fazem toda a diferença. Lembrei-me outro dia do senhor, porque ouvi umas considerações suas sobre um jogo prestes a começar e comparei-as com o normal das intervenções dos outros comentadores. LFL é barroco e imensamente pretensioso, mas parece ver mais qualquer coisa (pese os exageros) num jogador, que os restantes comentadores (Dani é de um nível abaixo. Pedro Henriques de um nível acima) durante uma temporada de futebol. A única das minhas embirrações que se mantêm (extensível a toda a gente que por aí anda de microfone, em tarefas de comentário), liga-se unicamente à sobrevalorização de qualquer pé de chumbo que por aí ande, cheio de “cultura táctica”, mas incapaz de fazer um passe a dez metros ou um remate direito à baliza.


E passado o futebol voltamos ao novo normal, que já não é a pandemia, mas a invasão, as mortes, a destruição e, por fim, a pregação ao mundo ocidental feita pelo presidente Zelensky. Zelensky é a Greta Thunberg da guerra, levado ao colo pelos parlamentos (se os outros ouviram Zelensky, somos piores? É este o busílis da questão) daqui e de além-mar, trunfo dos bem-pensantes e principalmente bem-intencionados, mesmo que saibamos conjugar aquela do puzzle inferno, o, boas, cheio, intenções, está e de; agora construam uma frase com sentido. Não me olhem com esses que a terra há-de comer: penso que é infantil esta excursão pelos palcos políticos das chamadas democracias ocidentais, mesmo que entenda o voto contra do PC, como uma das boias de sinalização que permitem manter os velhos militantes (os novos não têm perdão, sabem ao que vão), que continuam a cair na esparrela do que é contra a América é bom. Quando apresentaram (o PCP) o sentido de voto na nossa assembleia, não foram capazes de dizer ao que iam. Ainda era capaz de perceber que estivessem preocupados com o sentido da vida da URSS e os problemas de Putin em reunir os antigos territórios da união, mas não, pela voz de mais uma jovem que não sabe o que é vida activa, lá chegaram os votos de paz e desarmamento, por acaso, mas só por acaso, completamente a leste do problema entre mãos. Tenho dito.

Fernando Proença

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