AVARIAS: Uma dúvida e uma certeza

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Colaboradora. Designer.

Vejo o noticiário na RTP1 e descubro que a RDP está a construir uma barragem no interior do nosso cantinho em Daivões (dá erro no computador), segundo parece concelho de Ribeira de Pena, naquela zona de Portugal que não conheço, talvez porque não é passagem para sítio nenhum, a não ser que haja um incêndio (mea maxima culpa). Então os meus quatro amigos devem ter visto que a televisão se deslocou para junto dos, salvo erro, pouco mais de dez por cento dos moradores, cujas casas vão ficar na zona da albufeira e que se recusaram assinar o que a EDP lhes tinha proposto, para saírem a troco de uma indemnização. Digo casas, mas devia escrever, para ser mais conciso, casa e terrenos agrícolas, tudo expropriado em nome do superior interesse da EDP nacional, e, pela amostra, posso calcular o que se passa com o resto das expropriações feitas ao longo do país. Nesta gesta pelos confins do território, a menos de cem quilómetros do Porto, a televisão ouviu uns velhotes, que agora no fim da vida, vão ser realojados num contentor, até que umas casas estejam prontas para entrega, longe da terra que sempre foi sua. Ainda por cima, sem saberem quanto tempo vai ter o seu futuro. Não me vejam como um velho rezingão (não sou rezingão), que se opõe a todo o progresso ou o que quer que isso queira dizer, género de pessoa que não quer o aeroporto de Lisboa no Montijo, em Alcochete, onde quer que seja, mas ao mesmo tempo se escandaliza com as bichas para tudo, no actual aeroporto da Portela. Agora andam todos muito aborrecidos com os turistas que não deixam dormir ninguém lá para os lados do Bairro Alto, mas isso só tem repercussão nos jornais porque o problema é em Lisboa. Lembro só, que turistas a mais já temos em certas e determinadas localidades do nosso Algarve durante quatro meses do ano (pelo menos) e, aparentemente ninguém deu por isso até hoje. A única teoria – completamente parva por acaso – que tenho é que, se aquelas barragens tivessem que se construídas na zona de Lisboa, (o Porto também serve) nunca o seriam.

Vejo a gravação de um episódio de “Grantchester” (Fox Crime) e espanto-me com o raio da pílula que os ingleses tomam, para realizarem, quase sempre, excelentes séries (neste caso policiais) de época, sem que se percebam as costuras, com excelentes interpretações (no caso um padre que ajuda um inspector, que ajuda um padre, mais a vida das pessoas que os rodeiam) e um décor, que me parece, irrepreensível. Não estou a falar de uma série das que agora se usam, infantil até à quinta casa ou superinteligente que até nos assombra e entorpece. Aqui trata-se de uma televisão diria, “normal”: apenas conta, com louvável competência, um crime, a sua investigação, os pequenos problemas entre próximos; o cunho da natureza humana nas decisões que se tomam e questões que, identificáveis por quem viu os episódios anteriores não são marcantes para quem nãos viu (uma das regras das boas séries). Parece pouco, mas não é.

Fernando Proença

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