VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

O tempo marcou negativamente todo o mês de junho com vento e dias chuvosos que penalizarem quem o escolheu para ser acolhido por tempo calmo e águas quentes. Na entrada de Julho deu entrada finalmente um tempo de verão. Espero que tanha continuidade devida, não tanto (embora importante) para quem nos escolheu em paragens curtas ou mais longas, para o seu descanso, mas sobretudo porque o bom tempo aproxima os corpos e facilita o encontro de gentes, famílias, amigos porque a viagem, tende no seu imaginário, a ser mais curta.

Confesso que dessa circunstância beneficie nos últimos fins de semana com a presença de familiares que embora tenham escolhido outras paragens que não a do extremo do Sotavento permitiram nas curtas distâncias, acolhê-los, em jornadas que fizeram lembrar o que o meu amigo alentejano na Festa do Avante exclamava “daqui ninguém sai e quem tiver necessidade de mijar que o faça para debaixo da mesa” o que significava horas intermináveis de conversa e de comida até mais não se poder.

No último fim-de-semana recebi a minha prima e a única tia que se mantém viva. Foi para mim um acontecimento de enorme prazer em todos os sentidos. As mulheres do meu lado materno é a única com mais de 90 anos que se mantem viva com alguma lucidez. Todas as outras morreram tarde, para além de avançados oitenta ou mesmo, como a minha bisavó, com noventa e nove anos. Todas analfabetas, funcionárias, serventes de latifundiários, mas por encanto, a minha mãe era uma excepcional contadora de história, a minha tia Luísa, com noventa e um anos, preencheu-nos um a boa parte da tarde a declamar quadras ao desafio que deram motivo e sustentação ao baile de rodas e ao descante que o alimentavam.

Foi acontecimento para mim de enorme felicidade pela superação do isolamento e reencontro com família que desde há muito não tinha um contacto tão estreito como fraterno. O tempo quando nos acolhe na sua dimensão acolhedora contribui para que a vida se torne mais feliz.

O País vai entrar de férias. Na ausência de factos políticos relevantes, sobra a especulação e a intriga, de um lado e de outro. Sobra a demagogia e o simplismo, de um lado e de outro. Os gritos sobrepõem-se à lucidez.

Sendo verdade que numa entrevista lúcida que Pedro Nuno deu a uma agência espalhola sobre o que constitui-o a base do acordo que deu origem à chamada “Geringonça” tem como respeito o que cada um os divide em matéria de políticas europeias o que na lucidez então presente demostraram era, que apesar das diferenças, foi possível erguer um caminho conjunto. Em tempo de férias há um ruído à esquerda e à direita sobre um destino que não augura continuidade deste acordo. Mas estamos longe de Setembro e até lá as férias poderão ser úteis para serenar espíritos.

Carlos Figueira

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