Foi uma interrupção de alguns dias que nos interrompeu uma Primavera prematura por uma inundação que os agricultores já reclamavam como necessária. Para que as laranjas num ano de grande produção de citrinos, crescessem e ganhassem o sabor doce do sul e os legumes crescessem à sua maneira.
A doçura do ambiente, mesmo com as suas intermitências, não acompanha o ambiente político marcado pela crispação, a demagogia e no final das coisas da tentativa de tornar o que pode ser uma contestação justa de uma parte embora, quiçá, significativa da classe do enfermeiros, num acontecimento nacional. De facto tem de haver tempo para tudo. Veremos o que vai acontecer e quais os resultados das negociações que estão em curso. Mas, desde já, devo dizer-vos, na minha opinião, que aquela greve de fome, da forma, a meu entender, considerada como uma forma de luta radical, não se conformava com os tempos de democracia que vivemos no pós 25 de Abril e nesse sentido e tendo em causa as actuais circunstâncias tende objectivamente a desvalorizar quem ousou, no regime fascista, a arriscar a prisão, da ditadura que dirigia o regime.
Voltando ao que nos espera nos dias que nos aproximam, marcados por eleições em Maio para o Parlamento Europeu e em Outubro, para eleições legislativas, diria para não me repetir, no cansaço que tudo isto envolva, que é claro que a direita toda ela desde CDS a Aliança (com os escândalos que desde cedo a envolvem) acompanhados por uma carta de Rui Rio na qual, à falta de melhor, igualiza na demostração crítica a todos os partidos à semelhança do seu próprio partido, que está no momento perante esta desorientação da direita que a esquerda seja capaz de considerar um acordo sólido, necessariamente justo e aberto a negociação progressiva ao longo da próxima legislatura.
Carlos Figueira