Agosto já foi. Ainda é cedo para fazer balanços. As opiniões são ainda muito contraditórias. Muitos espanhóis a ocupar o lugar de ingleses sem ganhos significativos, maior presença de nacionais sem grande capacidade de compra, o que foram os grandes ícones há 20 ou 30 anos a perderem influência e notoriedade. Os eventos a repetirem-se sem novidades, as diferenças de capacidade económica de município para município a tornarem-se confrangedoras. É da vida.
No plano político, a pouco mais de um mês tendo bem perto ainda as eleições regionais da Madeira, as sondagens continuam a assinalar uma derrota que, a confirmar-se, como tudo parece indicar, histórica para toda a direita, o que abriria uma crise quer no PSD, quer no CDS, quer no simulacro de partido, chefiado por Santana, o que no seu conjunto representaria, um terramoto que levaria algum tempo, diria meses, a arrumar cacos. Porque, queiramos ou não, são pessoas que tiveram representatividade política ao longo de anos, foram figuras em jornais e televisões, não sei se alguns deles fizerem alguma coisa mais na vida, sei que alguns montaram com sucesso escritórios de advogados que não estavam ao alcance de qualquer um, mas enfim disputar o poder, e dele tirar benefícios, é outra coisa, creio eu, que nunca estive nessas circunstâncias.
À esquerda, a perda de influência que as sondagens continuam a manifestar, a par do crescimento do Bloco que claramente hoje se assume como um partido social democrata, projecto para o qual o PCP/CDU não apresenta nenhuma proposta inovadora nesta ou em qualquer outra área, pode conduzir a um resvalar contínuo de pobreza de influência política, deixando nas mãos do Bloco a crítica ao governo PS, o que, desde logo, enfraquece tal oposição porque o Bloco em primeiro lugar estará, antes de tudo, interessado em negociar uma posição de governo o que com toda a legitimidade o pode fazer, se o PS não obtiver maioria absoluta.
O importante seria, nesta singular conjuntura, a verificar-se, é que a esquerda fosse capaz de erguer uma estratégia que em conjunto permitisse encontrar para o país as melhores soluções para o nosso povo.
Por último, a não ser que chova em abundança nos próximos tempos, o Algarve está em presença de um ano de seca, com consequências gravíssimas não só para o abastecimento público, mas para vários sectores da economia regional: agrícola, turismo, hoteleira, etc.. Podemos estar na eminência de ter de recorrer a transvases do Alqueva. Que as autoridades regionais e nacionais assumam as responsabilidades que lhe competem. Os nossos vizinhos espanhóis já estão a tomar medidas de emergência e nós, pergunto, o que estamos a fazer?
Carlos Luís Figueira