VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Pela primeira vez, após o 25 de Abril, foi decretado o Estado de Emergência, com regras apesar de tudo e bem, de alguma forma contidas, quanto a direitos e garantias expressos na Constituição de Abril. A direita desejaria mais, mas não teve força para as impor, quer junto do Governo quer por parte do Presidente. Teve todavia a arte de recuar ao declarar sem reservas, no discurso de Rui Rio, o apoio às medidas do Governo de resposta à crise que o País enfrenta, e está para durar, tal como os efeitos da pandemia provocada pelo vírus.

Escrevo no primeiro dia de quarentena, embora no meu caso, por razões de saúde e idade, voluntariamente assumi na semana passada, o que hoje é aconselhado para a protecção da vida colectiva. Ou seja, ficar em casa, com as excepções anunciadas para os profissionais que têm de manter a economia do País a funcionar.

Nesse plano creio que o PM foi claro ao detalhar as medidas que o governo se propôs implementar no apoio às empresas, sobretudo às pequenas e médias empresa em maiores dificuldades, não deixando de fora nenhum sector, quer no plano das ajudas sociais, alargamento do período do subsidio de desemprego e sobretudo protegendo o emprego ao declarar que só beneficiarão as empresas que mantenham os postos de trabalho. António Costa que ao longo da crise tem demonstrado uma atitude de grande serenidade dando com tal postura um sinal de confiança aos portugueses.

Sabemos também que existe um calendário longo entre o tempo das medidas tomadas pelo governo e a sua aplicação na prática junto dos cidadãos e das empresas. Há toda uma burocracia a vencer. Novos papéis a imprimir, formação de gente para aplicar as medidas junto da banca e da administração pública. Esta é outra das batalhas a vencer num país de burocratas. Que possamos aprender alguma coisa com a crise que enfrentamos, porque recorrendo a uma frase feita, a partir daqui, nada será como dantes, a não ser que por inércia própria decidamos empobrecer como durante décadas o fizemos em benefício de uma minoria autoritária e opulenta.

Na verdade todo este esforço não resolve todas as necessidades que são muitas. O País, as pessoas vão ficar mais pobres. Até que ponto vão aguentar a natureza dos sacrifícios que a crise lhes vai impor é pergunta por enquanto sem resposta! Certo, é que não se pode deixar nas mãos do populismo da direita, liderar a agudização dos factores da crise. É na esquerda junta que temos de arquitectar soluções, as quais têm igualmente que passar por reformular o funcionamento financeiro da EU, porque a crise atinge todos, de forma desigual é certo, mas em que toda a EU está envolvida.

Basta lembrar o horror que constitui o número de mortes provocado pela pandemia em vários países da Europa ao ponto de em Espanha e em Itália terem chegado à situação de escolherem os doentes que são tratáveis e aqueles que são deixados morrer pela circunstância de não haver meios humanos para os tratar. Como no nosso País não pode deixar de nos interrogar que o número de mortos seja oriundo de centros de apoio a idosos sem condições pelos vistos para os acolher e tratar em condições devidas.

Todas estas situações não apagam o esforço hercúleo que os nossos profissionais de saúde, sobretudo e em primeiro lugar no SNS têm vindo a prestar à nossa comunidade e a eles lhes devemos uma manifestação de gratidão.

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