VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Estamos a terminar a primeira quarentena, justificada face à pandemia provocada pela coronavírus. Tudo indica que será alargada por período idêntico o que nos transporta para meados de Abril, ficando a interrogação se esse será data limite, o que imporá à maioria dos portugueses um prolongado período de sacrifícios que vão para além da sua qualidade de vida, que arrastam em si separações de familiares de amigos, de vida social, para além dos não menores sacrifícios no plano económico. Diminuição de rendimentos, encerramento de empresas, sonhos destruídos, recomposições de vidas. Já o tinha dito, nada ficará como dantes.

Inundados em horas infinitas por informação nem sempre objectiva e clara, numa corrida por audiências, onde vale tudo, desde o número de mortes, sem ter em conta, nem informar, que cada País, a este respeito, tem a sua forma própria de contagem, de forma que quando chegarmos ao final da maldita pandemia, nunca chegaremos a saber qual afinal foi o seu saldo final, a par de noticias sobre a vacina num desencontro de dias e meses que não dá nenhuma credibilidade a quem as publica, para além da desvalorização de ajudas humanitárias assentes em preconceitos ideológicos e estereótipos de todo o tipo. Também neste plano, nada vai ficar como dantes.

O Governo tem respondido à crise social e económica provocada pela pandemia do coronavírus com medidas de protecção social, que cubram tanto quanto possível o flagelo do desemprego, os despedimentos sem justificação, o alargamento da protecção a quem não tiver condições para suportar o pagamento de encargos com compra de casa diferindo para mais tarde essa obrigação, a par de outras medidas que aliviam a vida dos cidadãos mais carenciados e, do mesmo modo colocou ao serviço das empresas um conjunto de ajudas no domínio do credito que não sendo o salva vidas podem para muitas representar uma ajuda importante para se aguentarem nestes próximos três meses, tempo que se espera obter condições para relançamento da actividade económica.

A par destas medidas que correspondem às condições que o País, nos recursos que dispõe, pode oferecer, AC com a intervenção que produziu condenando a posição do Primeiro Ministro Holandês de “repugnante“ na recusa de ajudas da EU a países do sul e designadamente a Espanha, deu largo contributo, diria mesmo abanão, a uma EU que face a um problema que atinge todos o seus membros, se comportava com soberba indiferença, como se nada estivesse a acontecer, não só a discutir como a recusar tomar medidas que correspondessem à nova situação criada. Adiada ficou uma resposta para quinze dias, posso estar a ser muito optimista, mas creio que também por aqui nada vai ficar como dantes.

No plano político interno, a entrevista de Rui Rio à RTP 1, embora apoiando todas as medidas do governo de resposta à situação do coronavírus, retoma a questão do governo de Salvação Nacional, após a crise da pandemia, tese já expressa no Jornal Observador há semanas, por um jovem, não sei se jornalista, num estilo a fazer lembrar alguns textos das embaixadas americanas em situações de conflito. No fundo o homenzinho em questão resumia a bom entender que face às necessidades do País a AR de pouco serviria e o que era necessário seria um governo forte, unido, formado pelas duas maiorias forças politicas. Não creio que Rui Rio se atreva a ir tão longe, mas que defendeu neste período a redução ao mínimo da AR é um facto, não teve é apoio politico para tal, como o desejo da direita por estas palavras sonantes “Governo de Salvação Nacional“ soando a coisa do passado, traduzem no presente o desejo, da direita ou do centro direita, mesmo que pela porta das traseiras, o objectivo de chegar ao poder, sem eleições pelo meio, porque doutra forma o poder e o seu exercício fica-lhe politicamente longe demais.

Carlos Figueira

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