VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Não era de todo expectável que tivéssemos uma semana marcada pela exigência da demissão do Ministro da Finanças, num alarido que foi do PSD ao Bloco e a toda a extrema-direita, a propósito do cumprimento de uma soma inscrita no OE, aprovado na AR com o visto do Presidente da República, de 850 milhões de € para o Novo Banco, tudo isto numa embrulhada envolta em intriga, a que não faltou hipocrisia, faculdades nas quais Marcelo se move com grande mestria, no desenvolvimento como era de esperar, numa espécie de “Opera Bufa“.

Ao contexto não faltou um cortejo de comentadores, ciosos destas intrigas, confundidas com notícias reais como se tudo soubesse, através de fontes bem informadas, que na hora lhes transmitem informações do que se passa, ao ponto de alguns deles para as tornarem mais credíveis, perante os expectadores, não dispensarem a exibição dos telemóveis, supondo eu, donde recebem as comunicações na hora. Todavia também estes, apesar de todas as fontes e munidos das mais avançadas tecnologias, se revelaram profundamente derrotados.

Nesta mini crise cujas consequências, apesar de tudo, se prolongarão por algum tempo, veremos até quando, a exigência da demissão de Centeno proposta por Rui Rio, como dirigente do segundo Partido da oposição, só demonstra que não tem sentido de Estado e neste contexto não dispor de condições para assumir funções de maior responsabilidade em momentos de crise como a que o País atravessa.

Mas a situação foi mais longe quando AC não só permite, na visita à Auto Europa, que o actual Presidente se meta em assuntos do Governo, como anuncia o apoio do PS à recandidatura a um novo mandato de Marcelo à Presidência, abrindo assim um novo facto político que está para além de toda a intriga e hipocrisia que rodeou o caso Centeno com a transferência para o Novo Banco por um Ministro, cuja competência é agora elogiada pelos quatro ventos, incluindo Marcelo, que o considera como outros uma excelente solução para o a Presidência do Banco de Portugal, embora nos seus elogios não deixe de o alinhar com um amigo, seguramente íntimo, que foi em ditadura, director do mesmo banco, amizades íntimas que nunca se esquecem.

Aqui chegados, as eleições Presidenciais assumem a partir de agora, para a esquerda, uma renovada importância. Porque no centro direita o PSD terá de encontrar forma de se entender com o que restar do CDS cada vez mais engolido pelo Chega. Mas o espaço à esquerda tem de ser preenchido por um candidato que não se reveja no centro direita representado por Marcelo, mesmo que apoiado pelo PS ou por parte do PS. O adiamento do Congresso do PS para depois das Presidenciais, surge neste contexto como uma manobra para arrumar esta questão, sem grandes alaridos internos, resolvida que está a questão previamente. Pode ser que assim não seja tão facilmente.

Não tenho nenhuma simpatia particular por Ana Gomes, que aliás já tinha antes deste episódio declarado que não seria candidata. No actual quadro deixa agora essa decisão um tanto em suspenso. Seja como for, o que a meu ver na situação interessa, é que estamos a quatro meses, creio eu, para a apresentação de candidaturas, e o espaço da esquerda tem de ser preenchido por uma candidatura que exprima o que diferenciadamente o afasta do populismo da extrema direita, do conformismo do centro direita, e seja a mola a aliança, o estímulo, para a reforma de uma UE virada para a defesa de um progresso assente na união de quem deseje uma sociedade orientada para um progresso de quem todos beneficiem.

Carlos Figueira

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